A votação no Senado contrária à indicação do embaixador Fábio Marzano para ocupar o cargo de delegado permanente da missão do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) foi vista por diplomatas do Itamaraty como um recado direto ao chanceler Ernesto Araújo. A avaliação é que a rejeição ao nome de Marzano amplia a pressão para que ele deixe o comando da política externa. O embaixador é aliado do ministro, além de ser um defensor da atual política externa do governo Jair Bolsonaro.

De acordo com reportagem do blog de Jamil Chade, no UOL, a interpretação de parte dos diplomatas é que a sessão não tratava apenas da indicação de Marzano, mas também questionava a gestão de Araújo à frente do Ministério das Relações Exteriores, além de apontar para fragmentação do apoio do governo no Senado. A votação - que registrou 37 votos contrários e apenas 9 favoráveis - aconteceu na noite desta terça-feira (15).

“A derrota vem no pior momento possível. A vitória de Joe Biden nos EUA obrigará o governo a rever parte de sua estratégia internacional se não quiser ser marginalizado nos processos de decisões. Araújo ainda está enfraquecido depois de não conseguir reverter a decisão da ONU de barrar o Brasil de falar na cúpula da entidade, sobre o clima”, destaca Jamil Chade no texto.
 
O jornalista ressalta que o próximo ano poderá ser tenso para o Itamaraty, Além da posse de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos, Chade ressalta que “2021 ainda pode ser o ano em que o Comitê de Direitos Humanos da ONU finalmente dará sua recomendação sobre a queixa dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro. É o Itamaraty quem conduz as respostas do Brasil aos peritos”.