Chefe da PF foi intimado a dar explicações sobre entrevista à Reuters na qual comentou andamento de inquérito em que Temer é investigado. A Barroso, Segovia disse ter sido mal interpretado.

Por Vladimir Netto, TV Globo, Brasília

O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, telefonou neste sábado (10) para o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), para dar as primeiras explicações sobre a entrevista concedida à agência Reuters. Durante a ligação, os dois agendaram um encontro para o próximo dia 19.

À agência de notícias, Segovia comentou o andamento do inquérito em que o presidente Michel Temer é investigado por supostamente beneficiar uma empresa privada na edição de um decreto sobre o setor de portos. O diretor disse, por exemplo, segundo a Reuters, que a tendência é a PF pedir o arquivamento das investigações.

O inquérito tramita no Supremo e é supervisionado por Barroso, queintimou Segovia a dar explicações sobre as declarações à Reuters.

Durante a conversa pelo telefone neste sábado, Segovia disse a Barroso que as declarações foram mal interpretadas e, por isso, levará a transrição da entrevista ao ministro.

Repercussão

As declarações de Segovia à Reuters geraram intensa repercussão neste sábado. Os delegados da Lava Jato que atuam no STF, por exemplo, divulgaram a seguinte mensagem:

"Os integrantes do Grupo de Inquéritos da Lava Jato no STF informam que a manifestação do Diretor Geral da Polícia Federal que está sendo noticiada pela imprensa, dando conta de que o inquérito que tem como investigado o Presidente da República tende a ser arquivado, é uma manifestação pessoal e de responsabilidade dele. Ninguém da equipe de investigação foi consultado ou referenda essa manifestação, inclusive pelo fato de que em três de anos de Lava Jato no STF nunca houve uma antecipação ou presunção de resultado de Investigação pela imprensa."