Brasília- As declarações do chanceler Ernesto Araújo, que já levaram os países islâmicos a ameaçar as importações de proteína animal do Brasil como retaliação, agora desembocaram para uma nova crise, desta vez com a Rússia. No final de março, em mais um sinal de alinhamento com os interesses da política externa dos Estados Unidos, Araújo se mostrou contra a presença de militares russos na Venezuela, apesar dos dois países manterem acordos de cooperação técnico-militar. A declaração, de que "se os militares russos estavam na Venezuela para manter Maduro no poder, deveriam deixar o país", desagradou a Rússia que ameaça retaliar as exportações brasileiras.
O Ministério da Agricultura terá de enviar um de seus secretários, o de Defesa Agropecuária, a Moscou, para tentar desarmar uma crise aberta pelo chanceler Ernesto Araújo. A Agricultura recebeu há alguns dias a informação de que os russos preparam retaliações às exportações brasileiras devido à desastrada declaração de Araújo, informa o jornalista Guilerme Amado em sua coluna na revista Época.
Em 2017, o intercâmbio de negócios entre o Brasil e a Rússia foi de cerca de US$ 5,3 bilhões, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Em 2018, a Rússia estava entre os quinze principais parceiros comerciais do Brasil.
Esta não é a primeira vez que as declarações desastradas de Araújo e do próprio presidente Jair Bolsonaro colocam em risco as exportações brasileiras. O alinhamento automático aos interesses dos EUA, bem como a ideia de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém provocou a reação dos países árabes que avaliam retaliar as exportações brasileiras que somam cerca de US$ 14,2 bilhões.
.