O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) justificou seu voto contra a emenda constitucional do pacote de corte de gastos do governo Lula, mesmo após sua versão desidratada, alegando que as medidas implicam em redução de direitos. A posição foi relatada em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo. Falcão sinalizou que manterá sua postura ao se posicionar contra o projeto de lei que reduz o ganho real do salário mínimo.

"Eu sempre soube que o PT luta para manter conquistas e estimular o povo a obter novos direitos. Mesmo com todas as ressalvas, a chamada desidratação do pacote, você, apesar de não estar tirando direitos, está reduzindo direitos. O abono vai ser menor, o salário mínimo vai ser menor, os valores vão diminuir", afirmou Falcão.

O deputado, que já presidiu o PT e tem proximidade pessoal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos três parlamentares da sigla a votar contra a proposta. Seus colegas Marcon (RS) e Natália Bonavides (RN) também se opuseram, mas o peso político de Falcão chama mais atenção.

Ele revelou não ter comunicado previamente sua decisão ao presidente Lula ou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "Eles [Lula e Haddad] não me consultaram sobre o pacote, por que eu vou avisar? Eu avisei à bancada. Minha relação não é de vassalagem", declarou.

Falcão argumenta que o mercado financeiro também demonstra ceticismo em relação à eficácia do pacote, como evidencia a recente alta do dólar. "Nem o mercado acha que vai resolver", disse ele. O deputado ainda destacou que pontos cruciais, como a limitação de ganhos salariais acima do teto, foram adiados pelo Congresso, enfraquecendo a proposta.

Segundo ele, o partido não determinou unanimidade sobre o apoio ao pacote, permitindo liberdade para os parlamentares que quisessem se opor. Essa autonomia foi decisiva para sua decisão de manter o que considera ser o compromisso histórico do PT com a preservação de direitos.

 

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