Brasil247 - Mesmo com salários e cotas parlamentares suspensos, os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ), Carla Zambelli (PL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) continuam com seus gabinetes em funcionamento na Câmara dos Deputados, acumulando cerca de R$ 400 mil mensais em gastos com pessoal. As informações foram divulgadas pela CNN Brasil.

Segundo a Câmara, cada deputado pode contratar até 25 funcionários, com orçamento mensal de R$ 133.170,54 para pagar salários que podem chegar a R$ 18.179,88. No total, Ramagem, Zambelli e Eduardo mantêm 27 servidores ativos, mesmo sem receber os próprios vencimentos.Salários e cotas cortados, mas despesas seguem

O último salário de Alexandre Ramagem registrado no sistema da Câmara foi pago em setembro, no valor de R$ 46.366,19. Mesmo após a condenação a 16 anos e um mês de prisão pela Primeira Turma do STF, o deputado ainda recebeu verba de cota parlamentar em outubro (R$ 20.848,29) e em novembro (R$ 230). A cota cobre despesas típicas da atividade legislativa: aluguel de escritório político, passagens aéreas, alimentação, transporte e combustível.Carla Zambelli, por sua vez, teve salários pagos até maio. 

 A deputada foi presa na Itália após fugir pelos Estados Unidos e teve a prisão definitiva decretada pelo STF em junho pelos crimes de falsidade ideológica e invasão do sistema do CNJ. Desde então, o gabinete segue ativo, apesar de a parlamentar não desempenhar suas funções.Já Eduardo Bolsonaro recebeu salário até julho. Neste ano, ele só recebeu vencimento integral até março, pois ficou licenciado por 120 dias — período que terminou em 20 de julho. A partir daí, os valores da cota parlamentar recebidos foram residuais: R$ 0,03 em julho e R$ 1 em agosto. Embora não seja condenado, Eduardo tornou-se réu no STF na última semana, acusado de articular sanções internacionais contra o Brasil e autoridades brasileiras.

Mandatos continuam até limite de faltas

Apesar da situação judicial e das ausências, os três parlamentares só devem perder o mandato caso atinjam o limite de faltas estabelecido pelo regimento. Eles precisam comparecer a pelo menos 1/3 das sessões do plenário, o que só deve ser verificado com maior clareza ao longo de 2026.Esse tipo de perda automática ocorreu no caso do deputado Chiquinho Brazão, cassado em abril após atingir o limite de ausências.

A Câmara costuma seguir o rito previsto na Constituição, diferente do entendimento do Supremo. Nesse modelo, a perda de mandato exige análise prévia da CCJ e aprovação do plenário — o que tende a tornar o processo mais demorado.

Custo permanece elevado

Enquanto decisões judiciais e procedimentos internos avançam lentamente, os gabinetes de Ramagem, Zambelli e Eduardo Bolsonaro seguem produzindo despesas significativas. Os cerca de R$ 400 mil mensais são destinados exclusivamente à folha de pagamento de servidores, reforçando o debate sobre controle, transparência e critérios para manutenção de estruturas parlamentares em casos de afastamento ou ausência prolongada.