Brasil247 - As declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra a Polícia Federal acenderam o alerta entre lideranças do Partido dos Trabalhadores, que enxergam nos ataques uma nova etapa de uma estratégia para deslegitimar as instituições brasileiras e fortalecer articulações golpistas com apoio internacional. A denúncia foi feita pelo presidente do PT, Edinho Silva, e pelo líder da sigla na Câmara, Lindbergh Farias. A informação é do g1.

“Essas declarações reforçam as tentativas (...) de tentar materializar a trama golpista”, afirmou Edinho Silva, em reação ao conteúdo de uma live transmitida por Eduardo no domingo (20). 

O parlamentar, que está nos Estados Unidos desde fevereiro, fez ataques diretos ao delegado da PF Fábio Alvarez Shor, responsável por inquéritos envolvendo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e o escândalo das joias sauditas.

Durante a transmissão, Eduardo se referiu a policiais federais como “cachorrinhos da Polícia Federal” e lançou ameaças veladas contra Shor: “Deixa eu saber não, irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, ah, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal delegado Fábio Shor se ele conhece a gente.” Em outro trecho da live, ironizou: “Vocês não sabem a honra que é ser perseguido por vocês.”

Lindbergh Farias reagiu com dureza, afirmando que o deputado ultrapassou todos os limites. “Esse é o cara que esteve à frente da investigação da trama golpista. Eles começaram uma campanha de ataques, inclusive contra familiares”, declarou. Para o parlamentar, trata-se de uma “campanha coordenada” que visa intimidar agentes públicos. “Esse cara não pode continuar usando as redes sociais livremente pra cometer crimes", afirmou.

O líder petista confirmou que ele e o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) protocolaram um pedido de prisão preventiva contra Eduardo Bolsonaro. “Está claro que o que ele está fazendo é crime, crime de traição à nação”, disse Lindbergh.

A resposta também veio da cúpula da Polícia Federal. O diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, classificou as declarações como uma “covarde tentativa de intimidação” e assegurou que a PF tomará as providências legais cabíveis.

 A instituição ressaltou que ameaças a servidores públicos no exercício de suas funções podem ser objeto de novas investigações criminais.O mandato de Eduardo Bolsonaro, que havia sido suspenso desde março por pedido de licença, foi retomado justamente neste domingo (20). Ele é alvo de investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A apuração envolve possíveis ações do deputado nos Estados Unidos para interferir em processos contra seu pai e aliados, além de ataques públicos ao STF.