LEGISLATIVO

O Projeto de Lei 2.238 de 2024, que trata sobre a reestruturação da contribuição para beneficiários do Instituto dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), deve ser debatido novamente na manhã desta terça-feira (12 de novembro) na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa (ALMG).

Apesar de estar na pauta desde segunda-feira (11 de novembro), houve a apresentação do parecer do relator, deputado estadual Zé Guilherme (PP), e a determinação da distribuição em avulso do relatório sobre a matéria, o que impede que o texto seja votado no mesmo dia e, portanto, avance na Casa.

A expectativa era de que, com a apreciação pela comissão nesta segunda, a matéria ficasse novamente pronta para apreciação em Plenário. O projeto de lei já foi analisado pela FFO, mas voltou à comissão há duas semanas após ter recebido 18 emendas.

Mudanças

Caso a proposta para reestruturar o Ipsemg seja aprovada, o piso de contribuição passaria de R$ 33 para R$ 60, e o teto, de R$ 275,15 para R$ 500. 

O texto criaria uma alíquota adicional de 1,2% para usuários com idade a partir de 59 anos e poria fim às isenções para filhos de usuários cuja idade é inferior a 21 anos, que passariam a pagar R$ 90 até os 38 anos - hoje, a assistência é válida só para dependentes de até 35 anos.

Além de alterações para filhos de usuários, o PL 2.238/2024 prevê alterações nos valores pagos por cônjuges. A alíquota permaneceria em 3,2% da remuneração do titular, mas o teto de R$ 500 iria considerar a contribuição dos dois servidores.

O texto ainda autoriza o governo Zema a vender imóveis para pagar despesas de capital para assistir os usuários e, também, pagar despesas correntes do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores.

Conforme publicado por O TEMPO, a proposta para reestruturar o instituto deve ser a prioridade do governo Romeu Zema até o fim de 2024. A proposta para reestruturar o Ipsemg seria votada apenas depois das eleições municipais.

A estratégia teria sido adotada em razão da ausência de quórum na ALMG durante o período, somada aos custos político-eleitorais do PL 2.238/2024, que, como reajusta o piso e o teto, poderia provocar desconfortos aos parlamentares.

Durante a campanha, a pedido do governo Zema, o presidente Tadeu Leite (MDB) pautou a proposta em quatro reuniões em busca de esgotar a fase de discussão e driblar a margem de obstrução do bloco de oposição - para encerrá-la, são necessárias seis sessões.

Conforme o regimento interno da ALMG, ao fim da fase de discussão, o tempo de fala a que tem direito um deputado, que, normalmente, é utilizado para obstrução, cai de uma hora para dez minutos.

Parecer pela rejeição das emendas

O parecer do relator Zé Guilherme pede a rejeição de todas as 18 emendas feitas ao texto apresentado pelo governador Romeu Zema. De acordo com o deputado estadual, as emendas 1, 8, 9, 14 e 15 têm como objetivo modificar os parâmetros estabelecidos para o custeio da assistência à saúde prestada pelo Ipsemg. Dentre elas, estaria o pagamento de prestações pecuniárias pelos beneficiários. “Entendemos que a implementação das medidas propostas por tais emendas reduzem a expectativa de crescimento da receita a ser auferida pelo Ipsemg, o que compromete a viabilidade do projeto”, argumentou para explicar a rejeição.

O parecer defende que a emenda número dois, que trata do reembolso de despesas médicas, geraria novas despesas ao erário, o que é vedado pela Constituição Estadual para projetos de iniciativa do Executivo. 

As Emendas número 3, 4, 5, 7, 11, 12 e 17 tratam sobre determinações específicas do projeto, como critérios para a perda da condição de beneficiário, periodicidade da reunião de conselhos e organização do Ipsemg, de forma de reajuste da contraprestação pecuniária, de revogações, da manutenção da condição de beneficiário do instituto para aqueles que perderam a condição de segurado, entre outras. 

O relator afirma que as emendas alteram a intenção original do processo e prejudicam sua estrutura e o alcance dos fins pretendidos com a matéria. A emenda número seis propõe a alteração da destinação dos recursos eventualmente obtidos com a venda de imóveis do Ipsemg. Segundo Zé Guilherme, a emenda “não merece prosperar” visto que “os imóveis foram adquiridos pelo Ipsemg quando a autarquia arrecadava recursos para assistência à saúde e previdência, o que não permite estabelecer a destinação apenas para uma dessas áreas”. 

O deputado estadual ainda avalia que as emendas 10, 13 e 18 têm como objetivo incluir regras para a concessão de benefícios e criar obrigações no sentido de se regulamentar procedimentos administrativos relativos à prestação de contas e de envio do projeto de lei sobre o plano de carreira dos servidores do instituto.

“Entendemos que tais alterações violam o princípio da separação dos Poderes, razão pela qual opinamos por sua rejeição”, conclui o parecer.

 

otempo.com.br