ENTREVISTA/OTACÍLIO COSTA

O prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente do PSB de Minas Gerais, Otacílio Costa, defende uma ampla composição do campo progressista para disputar o governo do estado em 2026 e quer ver sua legenda como protagonista do processo. Em entrevista ao Estado de Minas, o gestor conta que negocia a filiação do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), e do deputado federal Diego Andrade (PSD), como alternativas ao Palácio Tiradentes.

“Vamos ter uma visão muito pragmática em relação a isso. O PSB não vai se aventurar em nenhuma candidatura ao governo do estado que de fato não tenha viabilidade. O PSB quando convida o Tadeuzinho, quando convida o Diego Andrade, busca uma alternativa equilibrada para comandar o governo nos próximos anos. A gente não tem fechado as portas para ninguém, a não ser pro PL”, disse.

Recém completados 100 dias à frente da prefeitura da cidade na região Central de Minas, Otacílio Costa ainda contou os desafios que encontrou na administração do município e como tem feito para dar respostas a população. “Eu tenho certeza que vamos transformar Conceição do Mato Dentro em uma cidade referência em gestão pública”, afirmou. Leia os principais momentos da entrevista.

O senhor completou 100 dias à frente da prefeitura de Conceição do Mato Dentro. Quais foram os desafios que o senhor encontrou e o que tem feito para dar resposta?

Conceição do Mato Dentro tem uma arrecadação muito grande. A gente tem hoje o maior empreendimento minerário do estado e isso cria uma expectativa muito grande para que os serviços ofertados para a população sejam de grande qualidade, mas a realidade que a gente encontrou no município não foi essa. A gente assumiu o município com a pior saúde da nossa macrorregião, em mais de 50 municípios estamos em último lugar. Na educação, os nossos índices também estão muito baixos. Era uma prefeitura muito desorganizada.

A gente pegou firme logo nos primeiros dias para atacar os problemas essenciais da população, como falta de água. A gente levou isso para o presidente da Copasa de forma muito contundente, firme. A Copasa se sensibilizou e anunciou investimentos de mais de R$ 8 milhões para resolver um problema histórico. Na questão da saúde, implementamos o SAMU 24 horas. A gente tinha uma fila para exames com sete mil pessoas na fila e criamos o programa Fila Zero para atender mais de duas mil pessoas por mês. Já entregamos muita coisa, mas eu tenho certeza que vamos transformar Conceição do Mato Dentro em uma cidade referência em gestão pública.

Um dos grandes projetos do governo do estado para a Região Metropolitana de Belo Horizonte é a concessão da MG-010, estrada que é o principal acesso de Conceição do Mato Dentro. Os pedágios te preocupam?

Sou 100% contra esse projeto, acho um absurdo essa questão dos pedágios. O cidadão não aguenta mais pagar impostos. A gente tem uma das cargas tributárias mais altas do país, inclusive os municípios são os maiores prejudicados. O cidadão tem que saber que nesse pacto federativo apenas 10% dos recursos em impostos vão para os municípios, 70% fica na União, e pouco mais de 20% nos estados. (...) Eu sou contra, (pedágio) não é solução.

Se existe um problema no estado, existem várias outras soluções. A população já tá pagando muitos impostos, e vai ter que pagar pedágio? Não é a forma que eu acredito de resolver o problema. A nossa região, por meio do projeto Minas-Rio, já faz uma grande contribuição para o governo do estado em relação à arrecadação. Acho que isso também deveria ser levado em conta para não onerar as pessoas.

O senhor assumiu recentemente a diretoria estadual do PSB, substituindo o deputado estadual Noraldino Júnior. Quais são os seus planos para a sigla a partir de agora?

Temos um desafio grande pela frente que é construir um grande protagonismo do PSB no estado de Minas Gerais. O PSB é um partido com uma história maravilhosa que teve grandes quadros à frente do partido, como Célio de Castro, Márcio Lacerda. A gente entendendo e respeitando essa história, se inspirando em Eduardo Campos, que o João Campos vem agora seguindo o legado do pai sendo o prefeito mais bem avaliado do país, lá em Recife, vamos construir o PSB do time do bom senso, do time que senta na mesa para resolver os problemas.

Um partido comprometido com as causas municipalistas, um partido que tem na sua prioridade e na sua ideologia uma priorização das questões sociais. Estamos bem focados nisso, mas ao mesmo tempo tendo uma visão de responsabilidade fiscal, não gastar mais do que arrecada. É o jeito do PSB de governar. O PSB vai se tornar o partido do futuro e a gente vai se consolidar como o maior partido da centro-esquerda do país.

O PSB em âmbito nacional tem nomes muito fortes, como o senhor citou o João Campos. Em Minas Gerais, o senhor vê alguém assumindo esse protagonismo?

Eu acredito que o deputado estadual Noraldino Jr. é um grande quadro do partido, eleito com mais de 100 mil votos. O deputado Neilando também tem uma votação expressiva. Estamos buscando trazer nomes para o partido que tenham condições de disputar cargos majoritários no próximo ano.

Não é segredo para ninguém, porque convidamos em alto bom som o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite, para se filiar no PSB, convidamos também o deputado federal Diego Andrade (PSD). O PSB está se movimentando e a gente quer trazer nomes de grande destaque da política mineira para ser protagonista. A gente está em fase de conversas e o partido está de portas abertas, mas estamos trabalhando muito para viabilizar que esses nomes possam vir na janela para o partido.

O partido pensa em lançar alguém para a disputa majoritária em 2026?

O PSB tem total disposição de lançar um quadro que possa servir de alternativa para fugir dos extremos da polarização e ser o nome de fato de consenso do povo de Minas Gerais. A gente vê que o deputado federal Diego Andrade se enquadra bem nesse quadro, o presidente Tadeu Leite também seria um ótimo nome.

O mais importante é a gente ter esse time unido, disposto, todo mundo fortalecido com a mesma ideia, porque o PSB vai dar segurança partidária para esses grandes quadros disputar uma eleição. (...) Na verdade, vamos ter uma visão muito pragmática em relação a isso. O PSB não vai se aventurar em nenhuma candidatura ao governo do estado que de fato não tenha viabilidade. O PSB quando convida o Tadeuzinho, quando convida o Diego Andrade, busca uma alternativa equilibrada para comandar o governo nos próximos anos. A gente não tem fechado as portas para ninguém, a não ser pro PL.