CONCILIAÇÃO

O período das eleições municipais inicia uma suspensão tácita das atividades mais intensas no poder Legislativo do país, já que a maior parte dos parlamentares volta suas atenções para os pleitos em suas próprias áreas de influência, muitos deles inclusive concorrendo às prefeituras. Em Minas Gerais, o retorno dos trabalhos em escala normal deve se dar na próxima semana, quando se encerra o segundo turno. Neste domingo (20/10), antes de participar de um evento esportivo da Assembleia Legislativa (ALMG), o presidente da Casa Legislativa (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), falou sobre a expectativa de retomada das pautas entre os deputados em um cenário que ainda deve repercutir as cisões provocadas pelas disputas nas urnas.

O clima na Assembleia antes do início da campanha já era de tensão. O governo estadual emplacou pautas impopulares na Casa como um reajuste salarial abaixo da pedida dos servidores e o projeto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). As pressões à base da situação foram acirradas com os apoios concedidos pelo governador Romeu Zema (Novo) a candidatos que disputaram contra deputados estaduais aliados do Executivo. Eleições como as de Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares e mesmo a da capital mineira prometem ainda ecoar nos corredores do Legislativo.

Enquanto se preparava para dar largada à edição deste ano da Corrida da Assembleia Legislativa, debaixo de chuva, o presidente Tadeu Leite disse que é preciso aguardar o fim do segundo turno para que a Casa volte a funcionar a todo vapor, mas já percebeu que as eleições municipais causaram atrito no plenário.

“Temos que aguardar e iniciar de fato as discussões. Nós vimos um pouco de dificuldade essa semana com votações, especialmente talvez sobre esse aspecto. Mas eu acho que é importante a gente aguardar e iniciar a tramitação e o trabalho mesmo na Assembleia para sentir essa discussão. Escolhas são feitas então nós temos também que aguardar para saber quais são as repercussões dessas escolhas”, disse à reportagem.

Além de Belo Horizonte, apenas Uberaba tem a decisão sobre o próximo prefeito aguardando o segundo turno em Minas Gerais este ano. Já na última semana, com a Assembleia voltando em marcha lenta, os deputados analisaram vetos do governador que travam a pauta da Casa. Uma das votações sinalizou que o retorno dos parlamentares ao plenário exigirá grandes esforços de negociação do governo Zema. 

Na quarta-feira (16/10), foi derrubada uma decisão do governador que determinava limites por município para a destinação de recursos de emendas impositivas individuais. O placar foi de 51 a 1, com apenas João Magalhães (MDB), líder da situação, se manifestando a favor da manutenção da medida de Zema.

Para o presidente da Casa, a reta final de 2024 exigirá um empenho de pacificação dos conflitos internos entre os deputados. “Desde o início do trabalho, nossa atuação sempre foi de conciliação, de mediação. Como presidente, eu tenho de ser de uma certa forma um árbitro entre um lado e outro, construindo sempre as pautas de importância para o estado. O meu espírito o de trabalho aqui na Casa sempre foi isso e de cuidar especialmente das principais pautas para Minas”, concluiu Tadeu Leite.

Corrida da Assembleia

O início de domingo com chuva na Região Centro-Sul de BH não desanimou os inscritos na Corrida da Assembleia Legislativa 2024, que partiu da sede do poder na capital mineira. Com mil participantes registrados, o dinheiro das inscrições será destinado aos institutos Corre pra Ver e Pernas de Aluguel, que trabalham na inclusão de pessoas com deficiência na prática esportiva.

“É um evento maravilhoso e toda a arrecadação da inscrição será encaminhada para duas entidades das mais importantes de Belo Horizonte, que incentivam a inclusão de pessoas na corrida. Estou muito feliz de retomar essa corrida para a Assembleia. Assembleia é isso, é incluir todos através do esporte também”, declarou o presidente da Casa na abertura do evento.