DÍVIDA DE MINAS COM A UNIÃO

Prefeitos de municípios de Minas Gerais afetados pelo rompimento da barragem de Fundão e contaminação do Rio Doce criticaram a ideia de ceder os créditos da indenização da tragédia de Mariana à União, como forma de quitar a dívida do estado. A sugestão foi feita no fim do ano passado, como uma das alternativas ao Regime de Recuperação Fiscal. A ideia é exigir que a União utilize deste dinheiro para investimentos em Minas Gerais. 

Ainda assim, os prefeitos integrantes do Fórum Permanente de Prefeitos da Bacia do Rio Doce, através do Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (CORIDOCE), consideraram a sugestão como “desrespeitosa” e exigiram que qualquer dinheiro oriundo de negociações com as mineradoras seja usado para limpar o Rio Doce, indenizar os atingidos e compensar as cidades afetadas.

“É inconcebível recursos oriundos do desastre serem disponíveis para outras situações. Quaisquer recursos oriundos do desastre de Mariana devem ser aplicados na bacia do Rio Doce, e não só nas cidades ribeirinhas, é para tratar o esgoto de todas as cidades afetadas. É inadmissível e desrespeitoso com as vítimas que perderam suas vidas pegar esse recurso para outra ação que não seja na Bacia do Rio Doce em minas e no Espírito Santo”, afirmou José Roberto Guimarães, presidente do Coridoce e prefeito de São José do Goiabal.

Nesta quarta-feira (21), prefeitos integrantes do consórcio se reuniram para divulgar uma carta aberta repudiando as ofertas feitas pelas mineradoras na mesa de repactuação. Os prefeitos chamaram o valor de R$ 42 bilhões oferecido pelas empresas de “afrontoso” e pediram que o presidente Lula, o governador Romeu Zema e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, participassem da negociação. A carta ainda solicitou que os municípios atingidos sejam signatários de qualquer acordo de indenização.