Em meio a um governo ainda desorganizado, pressionado para reverter a recessão e aprovar reformas, sobretudo a da Previdência, Maia prova que é peça fundamental no jogo político no Congresso

 
 
 
 
Respeitado por parlamentares de todos os matizes, Rodrigo Maia (DEM-RJ) cumpre o terceiro mandato como presidente da Câmara dos Deputados. Aos 48 anos, mostrou capacidade de articulação quando conseguiu o apoio de 21 siglas pela reeleição para o comando da Mesa Diretora, em fevereiro deste ano.
 
Em meio a um governo ainda desorganizado, pressionado para reverter a recessão e aprovar reformas, sobretudo a da Previdência, Maia prova que é peça fundamental no jogo político no Congresso. O rompimento dele com o governo incendeia a relação de parlamentares aliados contra Bolsonaro e abala a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
 
Em defesa de Maia, o Centrão tem atacado o governo, ensaiado um boicote à análise de decretos e medidas provisórias editadas por Bolsonaro e cobrado uma postura diferente do presidente da República. Congressistas enaltecem a capacidade do presidente da Câmara de articulação e de bom negociador, que atribuem ao convívio com o pai, Cesar Maia, os ensinamentos da política. Um parlamentar aliado de Maia afirma que é completamente “compreensível” a maneira como o colega reagiu às declarações de Bolsonaro e do filho, o vereador Carlos Bolsonaro. Ele enalteceu ainda a maneira como o presidente da Casa estava trabalhando para viabilizar a reforma e fortalecer a base do governo.
 
“Ninguém entendeu ainda o que esse governo quer a essa altura do campeonato. Pelo visto, quer governar na nova política, e não na boa política de Maia”, pontuou. Para um correligionário do presidente da Casa, sem a reforma, o Brasil perde a chance de tentar crescer e sair da recessão. Ele ressalta a capacidade de articulação de Maia e critica a “utopia” de Bolsonaro, de querer aliados sem o diálogo. “É uma narrativa que ninguém sabe o que é na prática. O que é essa história de nova política? A gente sabe o que é a boa política”, defendeu.

“O mundo caiu”

Para o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, “o mundo caiu” após o rompimento de Maia com o governo, porque todo o processo “deu uma degringolada” e terá de recomeçar os trabalhos dentro do Congresso, uma vez que Maia era o centro desta relação. Ele, contudo, tentou mostrar otimismo. Afirmou que tem certeza de que a relação do governo com o Congresso voltará à normalidade, pois, “a reforma não é uma pauta deste governo, mas do país”.
 
De acordo com o consultor de relações governamentais da BMJ Consultores Associados, Gabriel Borges, Maia é fundamento para a tramitação da reforma porque é ele quem conduz o calendário de votação da Câmara. Por mais que seja um entusiasta declarado da reforma, ele pode atrapalhar o processo de análise e barrar, inclusive, outras pautas de interesse do governo. “O Maia foi criado dentro do Congresso. Ele nunca vai fazer uma ação política sem um bom propósito. A articulação que ele está fazendo agora é para ser respeitado pelo cargo que ocupa. Quem sabe se fortalecer até 2020”, analisa o especialista, que não descarta um lançamento à corrida presidencial.