Fonte: Brasil247 – Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) é hoje um dos principais comunicadores da política nacional e também o parlamentar mais influente nas redes sociais, segundo aponta um levantamento da consultoria FSB. É nesta condição que ele pretende liderar um amplo debate no Congresso Nacional, contra a volta da censura – desta vez, travestida de combate às fake news. "Vamos convocar representantes do Facebook e das agências de checagem contratadas por eles para definir o que pode ou não circular nas redes sociais", diz ele. "Vamos também dialogar com parlamentos de outros países para ver como esta questão está sendo regulamentada".
No Brasil, a Constituição Federal define a liberdade de expressão como uma garantia fundamental. Além disso, o texto constitucional também proíbe qualquer tipo de censura prévia. No entanto, na era moderna, o Facebook passou a ter grande poder sobre o que é consumido ou não pelos internautas. E a rede social criada por Mark Zuckerberg, que tem sido questionada em outros países em razão do escândalo sobre a empresa Cambridge Analytica, que tinha acesso a dados de internautas, decidiu contratar agências de verificação de fatos para classificar o conteúdo que circula nas redes.
"Nossa parceria com as agências de verificação de fatos é resultado do feedback que recebemos da nossa comunidade, que não quer ver notícias falsas. Nossos parceiros de verificação de fatos são reconhecidos internacionalmente, com certificação e auditoria pela organização apartidária Poynter. O trabalho deles é verificar fatos, não ideias, seguindo rigorosos padrões de apuração e checagem", informa o Facebook.
Ocorre que, nesta semana, ficou claro que não é bem assim que as coisas funcionam. Nesta semana, duas agências contratadas pelo Facebook cometeram erros grosseiros. Publicaram notícias falsas, não ouviram o outro lado, denunciaram sites do campo progressista e não se retrataram diante de seus leitores. Foi o que aconteceu com a Lupa, que vem sendo cobrada pelos internautas a se retratar (leia mais aqui), e com a Aos Fatos, que ainda mantém em seu site uma fake news sobre a visita de Juan Grabois, consultor do Papa Francisco, ao Brasil (leia mais aqui).
Criada pela jornalista Cristina Tardáguila, a Lupa recebeu aportes financeiros de João Moreira Salles, herdeiro do Itaú Unibanco, e fechou contratos de parceria com a Globonews, do grupo Globo. Além disso, o site da agência de checagem é hospedado no portal Uol, da família Frias. Até agora, não há nenhum registro de que a Lupa tenha proposto ao Facebook, ao longo de sua história, qualquer penalidade a veículos de comunicação dos grupos Globo ou Folha, com os quais mantém ou manteve relações comerciais. A Aos Fatos, por sua vez, é comandada por Tai Nalon, que se refere aos veículos que ela fiscaliza, em nome do Facebook, como "alvos de checagem", como se fosse uma espécie de polícia da informação, um novo Departamento da Informação e Propaganda, como havia no Estado Novo.
Segundo Pimenta, há inúmeros exemplos de notícias falsas publicadas pela mídia corporativa, inclusive com condenações judiciais, e o Congresso Nacional não permitirá, em nenhuma hipótese que esse debate seja instrumentalizado para controlar o fluxo de informações no País. "Que fiquem sabendo desde já: a censura não passará".