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Partidos disputam, na televisão e no rádio, 2,8 mi de eleitores sem candidatos

31/08/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h37 por Admin


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Lucas Simões
lsimoes@hojeemdia.com.br

Com 51% dos mineiros sem candidato definido ou dispostos a votar em branco ou nulo, começa hoje o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Em Minas, com 15,2 milhões de eleitores, a briga será para conquistar os indecisos, que somam 19% do eleitorado ou 2,8 milhões de pessoas, segundo a mais recente pesquisa Ibope. Para se ter uma ideia do “peso” deste grupo, basta lembrar que em 2014 o vencedor foi eleito com 5,3 milhões de votos.

Diante de uma campanha curta, com 35 dias de duração, o cientista político Mauro Bonfim avalia que os votos de indecisos serão a prioridade dos partidos, em comparação com brancos e nulos, que somam 32% do eleitorado mineiro, mas tendem a sofrer pouca variação até o dia da eleição. “Os partidos disputam votos de indecisos porque brancos e nulos têm uma taxa baixíssima de mutabilidade — e são votos que não são válidos. Podem mudar, mas pouco. Só na segunda semana os indecisos vão começar a se decidir”, avalia Mauro.

Liderando as pesquisas de intenção de voto e com o maior tempo de televisão, somando 4 minutos e 32 segundos, o senador Antonio Anastasia (PSDB) exigiu que o programa eleitoral fosse centrado em sua trajetória e nos feitos à frente do governo do Estado, entre 2010 e 2014.

A ideia é que nenhum aliado apareça na propaganda, principalmente Aécio Neves (PSDB), padrinho político de Anastasia e candidato a deputado federal. Aécio vive situação delicada na Justiça e acabou isolado por colegas da sigla.

A única exceção aberta por Anastasia foi para Geraldo Alckmin (PSDB), presidenciável com quem estabeleceu uma dobradinha. “É a campanha do Anastasia, não tem motivo para ter aliados. O Alckmin deve ser mencionado devido à parceria que irá fazer com Anastasia. No mais, o candidato é o Anastasia”, apontou o coordenador da campanha tucana e vice de Anastasia, deputado federal Marcos Montes (PSD).

Na cola de Anastasia nas pesquisas, o governador Fernando Pimentel (PT) vai utilizar seus 3 minutos e 35 segundos para convencer o eleitor de que a crise fiscal pela qual o Estado passa não é fruto de má gestão petista — além do atraso de salários, o Estado deve R$ 8 bilhões aos municípios e amarga um déficit de R$ 5,6 bilhões, podendo chegar a R$ 19,8 bilhões, contando possíveis execuções judiciais para 2019.

Assim, Pimentel tentará pedir mais tempo ao eleitor para resolver a questão. “Quatro anos é pouco para lidar com o gravíssimo problema que a gestão tucana nos deixou. Aécio e Anastasia quebraram o Estado, um déficit de mais de R$ 7 bilhões foi deixado. E ele vai mostrar isso”, diz Reginaldo Lopes (PT), coordenador da campanha de Lula em Minas e um dos articuladores da campanha de Pimentel.

Além disso, Pimentel irá associar a própria imagem à do ex-presidente Lula, em defesa da candidatura do petista — que corre o risco de ser impugnada. “A defesa do Lula é um mote de campanha em Minas”, diz Reginaldo.

Terceira via
Tentando se desvencilhar da polarização entre petistas e tucanos, o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes (MDB), aliado de Pimentel em 2014 e crítico do governo a partir deste ano, vai tentar herdar o discurso de terceira via usado por Marcio Lacerda. Além dos indecisos, Adalclever também quer cativar o público feminino e chegar às minorias. Esse será o papel de sua vice, Adriana Buzelin (PV), até então desconhecida do público.

“A linha inicial é a de apresentação da trajetória de um candidato Ficha Limpa, eleito presidente da Assembleia por unanimidade. A linha vai ser a que o Marcio estava adotando. Só que agora com um bônus que é a Adriana, que chega a outros públicos”, diz Régis Souto, assessor de Adalclever.

SAIBA MAIS

Para os partidos menores, que terão entre seis e nove segundos no horário eleitoral, a principal estratégia será denunciar a chamada velha política em Minas Gerais. Romeu Zema (Novo) diz que o tempo de rádio e TV servirá apenas para um contato diário com o eleitor, mas sem grande impacto na conquista de mais votos. “Não temos expectativas na televisão porque a regra eleitoral é injusta, não nos permite ter mais tempo. Vamos fazer críticas a isso e aos partidos da velha política. Mas nosso foco é a internet porque é onde conseguiremos atingir mais gente e agregar mais à campanha”, disse Zema. Na mesma linha, Dirlene Marques (PSOL) espera se colocar como uma opção fora dos cenários tradicionais, mas também sem grandes expectativas de conquistar maior público com as inserções de rádio e TV. “É claro que a legislação eleitoral privilegia partidos com grande representatividade, não temos qualquer dúvida sobre isso. Nós vamos aproveitar nossos seis segundos para mostrar nossa independência”, frisou.