O senador Rodrigo Pacheco (PSD) anunciou a interlocutores nesta terça-feira (18/11) o desejo de deixar a vida pública após o fim de seu mandato, o que ocorrerá em 2 de fevereiro de 2027. A intenção do parlamentar foi comunicada a integrantes de seu grupo político após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite desta segunda-feira (17/11). No encontro, o presidente afirmou ao parlamentar que o indicado à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) aberta com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso será o advogado-geral da União, Jorge Messias. Pacheco era outro cotado para a Corte.

O senador disse a aliados que a conversa com Lula foi franca e amistosa. Afirmou ainda que ficou honrado em ter seu nome lembrado por várias pessoas para o cargo, como o presidente do Congresso Nacional Davi Alcolumbre (União), que apoia o governo Lula, e também por ministros do próprio STF. Pacheco contou também que o presidente respeitou sua decisão de encerrar a vida pública. O senador pontuou, porém, que essa decisão só poderá ser tomada em definitivo junto a outros político do Senado e de Minas. A avaliação de interlocutores de Pacheco é que isso mantém alguma possibilidade de o parlamentar decidir se candidatar no ano que vem.

A definição do presidente Lula sobre a vaga para o STF foi o marco estabelecido pelo senador Pacheco para a definição sobre o seu futuro político. A expectativa era que, preterido por Lula, o parlamentar pudesse aceitar ser o candidato ao governo de Minas, conforme vontade do presidente externada pelo chefe do Poder Executivo Federal inclusive nas viagens que fez a Minas Gerais ao longo de 2025. A maior parte com participação de Pacheco.

Em todo esse período, sempre citado como possível concorrente ao Palácio Tiradentes, o senador fez poucos pronunciamentos sobre seu futuro. Uma dessas declarações ocorreu em setembro, durante lançamento de programa nacional para fornecimento de gás, ao lado do presidente, no Aglomerado da Serra. Depois de ser chamado de governador por moradores da região que participavam do ato, o senador respondeu enigmaticamente: "serei o que vocês quiserem que eu seja".

Em outras ocasiões, como em Montes Claros, em abril, e em Contagem, em junho, ao ser lembrado como possível candidato pelo presidente, ou em novas manifestações de quem acompanhava os eventos presidenciais, Pacheco apenas olhava para o Lula, com rosto impassível. Na quinta-feira (13/11), o senador afirmou ter descartado uma possível candidatura ao governo de Minas pelo seu partido. Nada afirmou, porém, sobre participação no pleito por outra legenda.

Com apoio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o partido filiou em 27 de outubro o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, que era do Novo, a mesma legenda do governador Romeu Zema. O vice é o pré-candidato da sigla ao governo de Minas no ano que vem. Havia ainda a expectativa de que Pacheco poderia se filiar ao União Brasil, partido aliado a Simões, mas que tem como seu principal cacique o senador Davi Alcolumbre (AP), amigo de Pacheco. A reportagem entrou em contato com o presidente da legenda em Minas, Marcelo Freitas, mas não houve retorno.

Outra legenda que poderia abrigar Pacheco seria o MDB, seu primeiro partido, pelo qual disputou a prefeitura de Belo Horizonte em 2016. Em 3 de novembro, a legenda, também com o apoio da direção nacional, lançou como pré-candidato no ano que vem o ex-vereador Gabriel Azevedo. O PSB também seria uma opção, mas a avaliação é que não agregaria empuxo político, por ser uma sigla do mesmo campo político do PT, principal incentivador do lançamento de Pacheco, e com acesso a volume menor aos fundos partidários, ao contrário de União e MDB.

Decisão pressiona Lula

O presidente Lula, como possível candidato à reeleição em 2026, precisa ter um palanque forte em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo. O plano A do presidente é Pacheco. Agora, se o senador realmente confirmar o encerramento de sua participação na vida pública, o PT terá que articular outra candidatura no estado. Um dos nomes colocados é o da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), que, no entanto, já afirmou aceitar uma candidatura ao Senado, e não ao Palácio Tiradentes.

O outro nome, este, de um partido aliado, é o do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT), pré-candidato da legenda ao governo do estado, que já foi apoiado pelo PT na eleição de 2022 ao Palácio Tiradentes. O ex-prefeito perdeu no primeiro turno para Romeu Zema (Novo), que buscava a reeleição. Há cerca de dez dias, Marília participou de ato de boas vindas a Kalil organizado pelo PDT em Belo Horizonte.

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, também compareceria, mas teve a viagem cancelada para que pudesse participar do velório de Paulo Frateschi, ex-deputado estadual por São Paulo. Kalil, no encontro organizado pelo PDT, buscou evitar qualquer vinculação da participação de integrantes do PT no ato com as eleições do ano que vem. O ex-prefeito da capital mineira afirmou que tanto Marília como Edinho são seus amigos pessoais.