ESPERANÇA

Vereadores da oposição ao prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), têm esperança de que a troca de ministros na pasta de Portos e Aeroportos possa reverter a decisão do governo federal de fechar o aeroporto Carlos Prates. A estrutura foi fechada pela Infraero em 1º de abril deste ano e, desde então, Fuad tem negociado com a União assumir a área e construir no local um novo bairro, com casas populares e indústria não-poluente. Esses parlamentares querem manter o funcionamento do aeroporto no local. 

A cessão da área à Prefeitura de Belo Horizonte seria anunciada pelo presidente Lula (PT), em Belo Horizonte, na visita que estava marcada para a próxima quarta-feira (27). Mas a agenda foi cancelada por causa da proximidade da cirurgia no quadril que o presidente vai realizar no dia 29. 

Nesta sexta-feira (22), o vereador Fernando Luiz (do mesmo partido de Fuad, o PSD) e os deputados federais Lafayette Andrada e Gilberto Abramo (ambos do Republicanos) se encontraram com o novo ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho (Republicanos). No encontro, ficou informada que haverá uma nova reunião do ministro com Fuad para o dia 3 de outubro. Os parlamentares ainda cometeram uma gafe e, na nota enviada à imprensa, chamaram o chefe da pasta de "Silvio Barros" - sobrenome inexistente em seu nome completo. Após a publicação deste texto, uma errata corrigindo o nome do ministro foi divulgada. 

“A história do Aeroporto Carlos Prates pode ter um novo capítulo a partir de reunião que deve acontecer no próximo dia 3 de outubro, em Brasília. O encontro foi agendado pelo novo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Barros (sic), após reunião com os deputados federais Lafayette de Andrada (Republicanos), Gilberto Abramo (Republicanos) e vereador Fernando Luiz (PSD), que defendem a manutenção das atividades do aeroporto. Além dos parlamentares, esteve presente o presidente da Associação Voa Prates, Estevan Velásquez”, diz o texto encaminhado pela assessoria dos parlamentares. “Diante de inúmeras questões colocadas quanto aos impactos trazidos com o fechamento do aeroporto, bem como os questionamentos apresentados pelos moradores da região, o ministro entendeu por bem retomar o diálogo sobre o fechamento, fato que era dado como certo pelo Executivo Municipal”, completa a nota. 

A esperança dos parlamentares se fia apenas no fato do novo ministro ser do centrão. Vale lembrar que o governo federal é comandado pelo PT, que tem um pré-candidato à PBH, o deputado federal Rogério Correia. O parlamentar já fala da construção das casas como um trunfo de pré-campanha. Além disso, um dos mais ferozes opositores à desativação do aeroporto, o vereador Bráulio Lara (Novo), é do mesmo partido do governador Romeu Zema, que é oposição à Lula. A construção de casas populares sempre foi uma bandeira do PT, que ainda pode usar a eventual implantação de novo bairro no local na campanha de 2026. 

Apesar destes fatores, o vereador Braulio Lara (Novo), presidente da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara de BH, disse que o atual ministro escutou argumentos apresentados pelos parlamentares contrários à desativação e “se preocupou com a questão”. Questionado sobre a chance de um ministro de Lula poderia ceder à possibilidade e ir contra Fuad e o próprio PT de Belo Horizonte, Lara defendeu que “nada impede que o ministro possa trabalhar para reverter a decisão”. “Fuad Noman afirma em todas as letras que a desativação do aeroporto não foi da prefeitura, e sim do governo federal. Até o último minuto vou lutar para não cairmos nessa bobagem, vai ser uma megaoperação imobiliária derrubando o aeroporto”, disse ao APARTE. 

O vereador Pedro Patrus (PT), afirma que houve diversas sinalizações de que o espaço será cedido. “A decisão é de governo, não do ministro. (O ministro Alexandre) Padilha já falou, Lula já sinalizou. Reunião, diálogo, é importante que exista, mas a entrega é uma demanda antiga que está consolidada. Não acredito que a mudança vá acontecer. O ministro (dos portos e Aeroportos) vai receber parlamentares, mas não sei se há motivo nessa esperança de mudança, é uma decisão de governo. Está feito”, conclui o petista.