A direita brasileira já possui uma quantidade suficiente de pesquisas internas que revelam que o único político capaz de enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2026 é seu antecessor Jair Bolsonaro. É isso que explica o ataque coordenado pela Folha ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em coordenação com integrantes da extrema-direita internacional, como o bilionário Elon Musk, dono do X, e o jornalista Glenn Greenwald, que parece ter se bandeado para este lado e estaria agora fazendo a sua segunda "Vaza Jato". 

A nova turbulência chega em um momento desesperador para as forças da direita, que vinham tentando emplacar um "bolsonarismo moderado" na figura do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas. Isso porque todos os dados econômicos apontam para uma melhoria consistente nas condições de vida do povo brasileiro. O desemprego é o menor em dez anos, o crescimento econômico, tanto no setor de serviços como na indústria, vem ocorrendo acima das previsões de mercado e os grandes investimentos estão sendo retomados. Ou seja: Lula já está colhendo o que plantou, o que torna a sua reeleição para um quarto mandato uma aposta cada vez mais segura. Para completar, o mandato de Roberto Campos Neto, que vem sabotando a economia brasileira e garantindo a "bolsa-Selic" do rentismo, está prestes a se encerrar no Banco Central. 

Quando a primeira "Vaza Jato" capitaneada por Glenn Greenwald surgiu, Lula foi reabilitado porque as classes dominantes avaliavam que Jair Bolsonaro havia ido longe demais com seu projeto fascista. Era uma figura indomável e incontrolável. A primeira tentativa era colocar Lula e o PT a reboque de uma "frente ampla" neoliberal, mas o que ocorreu foi o inverso. Lula se colocou na dianteira do processo, vem fazendo um excelente governo e tem todas as condições de chegar a um quarto mandato, desfazendo aos poucos os estragos do choque neoliberal implantado em 2016 no Brasil, após o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff.

Li, nas primeiras horas após a "bomba" de Glenn, que a Folha, que já apoiou a ditadura militar de 1964, o golpe de 2016 e a própria eleição de Bolsonaro em 2018 (e tudo isso é a mais absoluta verdade), análises de que o jornal estaria agora embarcando de vez no projeto Tarcísio 2026. Mas, atenção, não é exatamente isto o que está acontecendo. A tentativa de transformar o "coitadinho" Jair Bolsonaro em vítima do "malvadão" Alexandre de Moraes tem como objetivo final a reabilitação do ex-presidente, com a devolução dos seus direitos políticos. Não custa lembrar que Bolsonaro os perdeu porque atacava injustamente o sistema eleitoral brasileiro. O que Glenn e a Folha tentam provar era que o ex-presidente era a verdadeira vítima deste sistema.

Por trás de tudo isso está a tentativa da Folha de manter o Brasil submetido ao choque neoliberal de 2016. Há também interesses paralelos, como o da extrema-direita internacional, que pretende o Brasil submetido a uma certa ordem geopolítica internacional, que parece estar em ruínas. Diante desta nova turbulência no voo de cruzeiro do governo Lula 3, o fundamental é acompanhar os desdobramentos, sem perder de vista os grandes interesses econômicos que se movem abaixo da superfície.

 

Brasil247

Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247*