Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Nunes Marques e Raúl Araújo teriam prometido ao presidente da Corte Eleitoral, Alexandre de Moraes, que não pediriam vista no julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível, informa a jornalista Bela Megale, em sua coluna no jornal O Globo. 

Segundo a jornalista, Moraes conversou pessoalmente com os dois ministros mais alinhados a Bolsonaro na Corte Eleitoral. "Nessas conversas, Moraes argumentou que seria ruim para o país e para o TSE que o processo se arrastasse por muito tempo, e insistiu que o tribunal precisa encerrar essa fase da discussão sobre as eleições de 2022", relata a jornalista. 

A estratégia de Moraes teria dado certo, segundo Malu Gaspar: tanto Nunes Marques quanto Raul Araújo prometeram proferir seus votos de imediato, sem pedido de vista. "O acordo vem sendo mantido no mais absoluto segredo para evitar o acirramento da pressão que os bolsonaristas têm feito, em público e nos bastidores, para que Nunes Marques ou Araújo peçam vista do processo", complementa.

O TSE retoma na próxima terça-feira (27) o julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), apresentada pelo PDT, que pede a inelegibilidade de Bolsonaro e do general  Braga Netto (PL), candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República nas Eleições 2022. Na Aije, a sigla pede que o TSE declare inelegíveis Bolsonaro e Braga Netto por prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, durante reunião do então ocupante do Planalto com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, quando atacou o sistema eleitoral brasileiro. Bolsonaro é acusado de violar o princípio da isonomia entre as candidaturas a presidente, configurando abuso do poder político o fato de a reunião ter ocorrido na residência oficial da Presidência da República e ter sido organizada por meio do aparato oficial do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).