MINAS EM BRASÍLIA

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ocupar uma das vice-lideranças do governo no Senado Federal, o mineiro Carlos Viana (PSD) garante que o chefe do Executivo nacional está empenhado na resolução do impasse em torno da verba bilionária que pode fomentar a construção da linha dois do metrô de Belo Horizonte.


Integrantes da bancada mineira em Brasília têm a expectativa de utilizar, na expansão do trem urbano da capital, cerca R$ 1,2 bilhão arrecadado pela União por meio do pagamento de multas da antiga Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Nessa segunda-feira (23), Viana protocolou, no Ministério Público Federal (MPF), ofício pedindo a anulação do acordo em torno do pagamento da punição. O temor do senador é que os recursos não sejam encaminhados ao metrô de BH.

Ao Estado de Minas, nesta terça-feira, Viana assegurou a atuação de Bolsonaro em prol do repasse das verbas. “O presidente, hoje, fez um compromisso comigo de encontrarmos uma solução para o metrô de Belo Horizonte o mais breve possível. Pode ser um novo acordo ou pode ser, inclusive, um planejamento que está sendo feito junto ao Tesouro para que haja uma compensação desses recursos”, explicou.

O “novo acordo” citado por Viana é pedido por ele no documento entregue ao MPF. O parlamentar crê que o encaminhamento das parcelas ao Tesouro Nacional, como ocorre desde fevereiro, descumpre uma das cláusulas do contrato,que trata da aplicação do dinheiro em estudos e intervenções ferroviárias.Continua depois da publicidade
 
A outra opção — que passa pela compensação dos recursos já enviados ao Tesouro — ocorreria por meio de papeis de investimento colocados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A linha dois do metrô ligaria o Calafate, na Região Oeste, ao Barreiro.

Viana diz que empregou primo dos Bolsonaros por conta própria

Prevista para ocorrer nesta quarta-feira (25), a nomeação de Viana como vice-líder ocorrerá menos de um mês após Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, virar servidor do gabinete da liderança do PSD em Brasília. Como o EM revelou à época, Léo Índio foi admitido para dar expediente no gabinete de Viana.

O senador, no entanto, afirmou que a contratação do assessor nada tem a ver com sua ida à vice-liderança do governo. “Fui eu que o convidei por conta da experiência que tem no Congresso e, também, no trabalho junto aos ministérios. Em Brasília, temos muitas demandas. Hoje, atendo, tranquilamente, 450 prefeitos. Das prefeituras que tenho contato direto, tenho entre 1.200 e 1.500 demandas diferentes”, disse.Continua depois da publicidade
 
Segundo o parlamentar mineiro, Léo Índio será responsável por auxiliar o gabinete no relacionamento junto às cidades. Antes, o rapaz trabalhava no gabinete de Chico Rodrigues (Dem/RR), ex vice-líder de Bolsonaro, exonerado do posto após ser flagrado com dinheiro na cueca em operação da Polícia Federal.

Reforma tributária é prioridade

Viana atuará ao lado de Fernando Bezerra (MDB/PE), Elmano Férrer (PP-PI) e Eduardo Gomes (MDB-TO) na articulação política para aprovação das pautas e propostas do governo na Câmara alta do Congresso Nacional. Uma das prioridades do Palácio do Planalto para 2021 passa pela costura de uma Reforma Tributária. O senador vai atuar nas tratativas em torno do tema para, em suas palavras, garantir que a reforma “seja completa”.

Outra pauta na mira do pessedista é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que possibilita, ao governo, o coste de gastos obrigatórios quando as despesas atingirem um “teto”. O senador deve trabalhar em ajustes no texto.

“Há alguns pontos que ainda precisam de consenso. Vamos começar a discutir já nesta semana, com o retorno do Davi Alcolumbre (presidente do senado, Dem/AP) a Brasília”, explicou.

O mineiro recebeu o convite de Bolsonaro há aproximadamente três semanas, mas preferiu iniciar as atividades apenas após o término do período eleitoral — Viana dirige o PSD estadual.