E a ministra da Saúde, Nísia Trindade, entende que o setor tem papel decisivo para a indústria e economia do país. “Consideramos como um dos três complexos econômicos capazes de dinamizar e reconstruir em novas bases a economia nacional. Saúde não precisa ser vista como dispêndio de gastos, mas principalmente como uma possibilidade de contribuir para o desenvolvimento”, afirmou a titular da pasta na manhã de sexta-feira (10/3), em evento realizado na Fiesp e que pode ser visto na íntegra no canal da entidade no YouTube.
Ao falar sobre os riscos e as oportunidades para o setor, a ministra mencionou a dependência de insumos, evidenciada pela pandemia, e o descompasso entre uma demanda crescente e a capacidade produtiva de inovação local. “Isso exige profunda mudança em toda a política pública, que integra a política social com a política industrial de desenvolvimento, e requer o aproveitamento dessa oportunidade que o momento atual nos coloca. E tem sido pauta constante com outros ministérios”, disse.
A abertura do evento, realizado por Fiesp e Ciesp, em parceria com o Instituto Coalizão Saúde (ICOS) e o Conselho de Administração do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), foi dirigida pelo vice-presidente da Fiesp e diretor titular do Comitê do Complexo Produtivo e Econômico da Saúde e Biotecnologia (ComSaude), Ruy Baumer, que defendeu o fortalecimento e aperfeiçoamento do SUS, por entender que isso proporciona o crescimento de todo o mercado da saúde.
“Sabemos da prioridade do Ministério [da Saúde] com a atenção básica e as várias complexidades da saúde da população. E o nosso setor é garantia de funcionamento e de suporte ao SUS a qualquer tempo”, declarou Baumer, que citou como exemplo as campanhas de vacinação que a entidade realiza em parceria com a prefeitura de São Paulo e que, agora, deverão ser expandidas para todo o estado.
Baumer pediu apoio para o fortalecimento do complexo econômico e industrial da saúde. “Essa é uma prioridade para nossas entidades, porque precisamos de uma indústria forte e inovadora no Brasil. Isso somente será possível se tivermos mercado, o que pode ser induzido pelo governo, e que pelo menos 70% das demandas governamentais sejam atendidas pela indústria nacional”, afirmou Baumer, citando percentual já mencionado pela própria ministra em sua posse.
Por sua vez, a ministra ressaltou a necessidade de situar a saúde como uma das grandes prioridades da política de desenvolvimento sustentável. “Precisamos unir as políticas sociais, de ciência e tecnologia, inovação e política industrial. Isso não é uma profissão de fé, mas orientação de agenda de trabalho para a qual quero convidar a todos, por termos muitas convergências nessa agenda”, pontuou Trindade.
O aspecto regulatório foi abordado por ela, que disse ser necessário criar a institucionalidade adequada, com poder decisório, e estruturar o Ministério da Saúde para viabilizar a implementação de uma nova visão, com garantia, estabilidade, transparência, promoção da convergência dos instrumentos de financiamento e incentivos fiscais e tarifários. “Tudo isso com apoio à produção local, e inovação, isonomia competitiva e tributária”, pontuou.
Ao fazer um balanço do trabalho nos primeiros meses do governo, a ministra defendeu a sustentabilidade do SUS, sobretudo pelo seu impacto na redução das desigualdades no país, e destacou as atribuições do Ministério da Saúde. “Tenho trabalhado pelo restabelecimento do diálogo, porque muitas ações requerem coordenação em nível nacional, que é papel do Ministério. E temos de recuperar a capacidade de coordenar”.
Trindade se mostrou disposta a trabalhar para integrar ciência, tecnologia e inovação com política industrial, que requer o envolvimento de vários atores do governo e da sociedade civil. “A Fiesp é um desses atores fundamentais”, disse.
Outros pontos abordados por ela foram os esforços para a redução da mortalidade materna, aprofundada nos últimos anos, a questão yanomami, cobertura vacinal e orçamento.
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