ELEIÇÕES 2026

Faltando ainda 38 meses para a próxima eleição para o Senado, marcada para outubro de 2026, é certo dizer que é cedo para fazer projeções e apontar favoritos para as duas vagas que serão disputadas. Mas engana-se quem acredita que os partidos e os possíveis candidatos não estejam – nos bastidores – se movimentando, conversando e organizando as articulações que vão definir quem vai concorrer às duas cadeiras mineiras que estarão em jogo.

Em Minas, um nome já admite abertamente a possibilidade de disputar, pela primeira vez, uma cadeira no Senado. O deputado federal e presidente estadual do PDT, Mário Heringer, que cumpre seu sexto mandato na Câmara, afirma que as tratativas para confirmar essa possibilidade já estão acontecendo dentro de seu partido e também com legendas ideologicamente próximas.

“Eu estou no sexto mandato na Câmara, e a possibilidade de disputar uma vaga no Senado é sempre uma possibilidade de quem está na política”, confirma o parlamentar. “Entretanto, essa posição a gente não toma por uma decisão de simplesmente querer. Isso parte de uma negociação intrapartidária e depois entre partidos concorrentes para a gente ver em que posição vai ficar. Naturalmente, se essa oportunidade surgir, se o meu nome for escolhido para essa posição, é uma possibilidade sim”, garante Heringer.

Outros nomes também estão sendo espuculados nos bastidores políticos. A começar pelos dois senadores mineiros que podem tentar a reeleição, Rodrigo Pacheco (PSD) e Carlos Viana (Podemos). Viana, no entanto, está sendo cotado como candidato a prefeito de Belo Horizonte ano que vem. Se vencer, abre mão da vaga no Senado – e, consequentemente, da disputa pela reeleição – para Castellar Guimarães Neto, o primeiro suplente.

Já Pacheco tem outras duas opções que podem ser mais atrativas do que um novo mandato no Senado. Ele pode concorrer ao governo de Minas ou aceitar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) caso o presidente Lula (PT) lhe ofereça a vaga, que será aberta com a aposentadoria de Rosa Weber, presidente do STF, no fim de setembro. 

O governador Romeu Zema (Novo) é outro possível candidato, apesar de aparecer também como um dos nomes mais fortes da direita para concorrer à Presidência da República. Mas até a eleição de 2026, existe a possibilidade de que o governador mineiro siga os passos de Aécio Neves, em 2010, e Antônio Anastasia, em 2014, que saíram do Palácio da Liberdade direto para o Senado. 

Alguns outros nomes também são citados em conversas de bastidores dos partidos como candidatos em potencial, como o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD), os deputados estaduais João Vítor Xavier (Cidadania) e Bruno Engler (PL), o ex-deputado federal Marcelo Aro (PP), a deputada federal Duda Salabert (PDT) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). 

Discussão precoce, diz Aggio

O cientista político e professor da UFMG Camilo Aggio considera ainda prematuro fazer um desenho do cenário para 2026 devido aos vários fatores que podem ser alterados até lá.

“Eu acho que é difícil fazer uma projeção com uma distância tão grande. Tem pouco mais de seis meses que nós elegemos senadores, governadores e presidente. Então, fazer uma projeção para daqui a pouco menos de quatro anos para o que vai acontecer no cenário de disputa, principalmente para o Senado, é muito na base do palpite. Eu diria que há muitas variáveis. São tantas possibilidades de acontecimentos que podem reconfigurar a própria esfera da política, das disputas políticas partidárias que são imprevisíveis. É difícil prever”, afirma. 

Pleito com duas vagas é mais complicado, acredita deputado

Em 2026, duas vagas no Senado estarão em disputa para cada unidade da federação, diferente do ano passado, quando apenas uma cadeira estava à disposição. Segundo o deputado federal Mário Heringer (PDT), que já colocou seu nome à disposição para a disputa, isso é mais um dificultador do próximo pleito, por mais estranho que possa parecer.

“Há uma falsa ilusão de que, tendo duas vagas, a disputa fica mais fácil. Na verdade, tem mais gente disputando duas vagas do que quando é uma vaga”, observa.

O deputado chama a atenção, entretanto, para o longo tempo até as definições dos nomes de cada agremiação. “Estão faltando mais de três anos para a eleição. O cenário está desenhado, complicado, com muitos nomes querendo, mas não sei quem serão os concorrentes. Mas a disputa do Senado não é uma vontade, é fruto de uma composição entre chapas”, diz.

Aécio e Anastasia deixaram o governo por vaga no Legislativo

Em 2010, após dois mandatos como governador e bons índices de aprovação popular, Aécio Neves desejava se candidatar a presidente da República, mas José Serra foi escolhido como candidato tucano na convenção realizada em Salvador, na Bahia. 

Aécio chegou a ser cotado para ser o vice de Serra, mas acabou optando pelo Senado. Foi eleito em primeiro lugar com quase 40% dos votos. No pleito de 2010 – assim como será em 2026 – foram eleitos dois senadores.

Quatro anos depois foi a vez de Antonio Anastasia tentar uma vaga no Senado. Sem possibilidade de concorrer à reeleição como governador, após dois mandatos, a solução foi tentar o Senado. Ele não teve problemas para conquistar a única cadeira mineira em disputa naquela oportunidade. Com 56,73% dos votos, foi eleito e cumpriu sete dos oito anos de mandato, já que tomou posse como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), em fevereiro de 2022.