Brasília - O Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou ao ministério da Justiça, comandado por Sergio Moro, os dados da offshore que é sócia de Flávio Bolsonaro em vários imóveis no Rio de Janeiro. Considerado um dos maiores paraísos fiscais do mundo, o Panamá só fornece as informações aos países que solicitam cooperação judicial, com isso, Moro poderá provar se de fato combate a corrupção ou se foi colocado no poder para proteger o clã Bolsonaro e suas ligações com as milícias do Rio de Janeiro. Caso Moro se recuse se recuse atender o pedido feito pelo MP, além de demonstrar que a Lava Jato teve o objetivo politico de impedir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputasse as eleições, ele também poderá incorrer no crime de prevaricação.
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, em casos envolvendo informações que podem ser disponibilizadas por outros países a articulação fica a cargo do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), subordinado ao Ministério da Justiça. A diretora do DRCI é a delegada da Polícia Federal (PF) Erika Marena. Marena, que participou da Operação Lava-Jato em Curitiba, foi nomeada por Moro para o cargo.
O MP apura a suspeita de peculato e lavagem de dinheiro por meio de transações imobiliárias feitas pelo filho mais velho de Bolsonaro. Segundo o MP, entre dezembro de 2008 e setembro de 2010, quando ainda era deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro teria comprado 12 salas comerciais por R$ 2,6 milhões. Os imóveis teriam sido revendidos em outubro do mesmo ano para a MCA Exportação e Participações Ltda por R$ 3,167 milhões, com um lucro final de R$ 504,9 mil.
A procuradoria ressalta, ainda, o fato de a pessoa jurídica que adquiriu os imóveis ter como sócia a Listel S.A, sediada no Panamá e inscrita na Receita Federal do Brasil como "holding de instituições não-financeiras". Segundo uma instrução normativa da Receita Federal, desde 2010 o Brasil considera o Panamá como um paraíso fiscal.
No pedido que resultou na quebra de sigilo bancário e fiscal de Flávio e de seu ex-assessor e amigo da família Fabrício Queiroz, a promotoria destaca que "um dos mais tradicionais métodos de lavagem de dinheiro consiste na remessa de recursos ao exterior através de empresas offshore, sediadas em paraísos fiscais".