PERSPECTIVAS


O ex-juiz e ex-Ministro da Justiça Sérgio Moro criticou o "ambiente de polarização" e admitiu estar conversando com nomes que "buscam construir uma alternativa" para 2022. Citou, nominalmente, Huck, Mourão, Mandetta, Amôedo e Dória. As afirmações foram feitas em entrevista à jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, divulgada nesta segunda (9).

Moro confirmou à jornalista que esteve, em outubro, com o apresentador Luciano Huck para "conversar sobre o Brasil", conforme noticiado pelo jornal Folha de São Paulo. Apesar disso, negou que, neste momento, seja candidato na chapa do global.


"A construção disso é importante, e não necessariamente passa por mim. Não existe nada pré-determinado", disse o ex-juiz e ex-ministro.


Moro afirmou que ficaria "desapontado" se, em 2022, o cenário eleitoral fosse de "dois extremos polarizados". Citou que o Brasil precisa de "moderação" e do "fim desse ciclo de ódio", que, segundo ele, envolve as figuras de Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Lula (PT).
 
O ex-juiz admitiu estar "conversando" com pessoas de "perfil de centro". Ele citou o apresentador Luciano Huck, o governador de São Paulo João Dória (PSDB), o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro Luiz Henrique Mandetta (DEM), o líder do partido Novo João Amoêdo e o atual vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Com exceção de Huck, todos esses nomes se apresentam como de direita.


Apesar de admitir o contato com Huck, Moro diz ter sido "apenas uma conversa", como também vem acontecendo com outros nomes. "Mas isso não significa que vou ser candidato. Minha preocupação é com o momento atual", disse.


Na visão do ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro, a "polarização de hoje obscurece os debates reais" e espera que em 2022 "tenhamos alternativas não polarizadas".


Além das especulações sobre 2022, Moro ainda falou sobre o desenvolvimento econômico do Brasil, os impasses ambientais, a vitória de Joe Biden nos EUA, corrupção e o caso Mariana Ferrer.


Planos 


Após o fim da quarentena como ministro, Moro conta que agora acredita "no potencial do setor privado para implementar políticas anticorrupção".


"Minha pretensão, no momento, além de participar do debate público, é fomentar, no setor privado, esse processo para que as próprias empresas tomem iniciativas para adotarem políticas de conformidade com a lei", disse.
 
Sem arrependimentos


Moro diz não se arrepender de ter feito parte do governo Bolsonaro. Diz ter sido bem-sucedido na implementação de políticas políticas relacionadas ao crime organizado, mas não com relação à agenda anticorrupção.

"Não pude avançar [na agenda anticorrupção], em parte, pela falta de um apoio maior do Planalto. Senti que era o momento de sair", apontou. Apesar disso, diz que a decisão de 2018 foi "racional e apoiada".