COBRANÇA

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Sherman, emitiu um despacho cobrando explicações a respeito do gasto de R$ 48 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com a auditoria que prometia abrir a “caixa-preta” da instituição em operações com o grupo J&F entre 2005 e 2018.  O banco tem o prazo de 20 dias para responder às questões elaboradas pelo ministro.

O caso foi revelado pelo Estado, na última segunda-feira, 20. Para colocar de pé o desejo de abrir sua "caixa-preta", o banco lançou mão de um um contrato firmado em 2015, com uma empresa que venceu um edital na área de consultoria internacional da ná área do direito. Em 2018, o mesmo escritório ficou responsável por fazer a auditoria nas operações do banco com as empresas JBS, Bertin e Eldorado Celulose.  

Desde quando o caso foi revelado pelo Estado, o atual presidente do banco,  Gustavo Montezano, e representantes de outras gestões da instituição tem apresentado diferentes versões sobre os aditivos que fizeram o custo da investigação chegar a R$ 48 milhões.

O atual presidente do banco aumentou em US$ 3,5 milhões de dólares, cerca de R$ 15 milhões, o valor da auditoria que prometia abrir a "caixa-preta" da instituição. O reajuste de 25% aconteceu por meio de um aditivo contratual, publicado no dia 25 de outubro de 2019, e aumentou de US$ 14 milhões para US$ 17,5 milhões o valor total do contrato da Cleary Gottlieb Steen & Hamilton, escritório contratado para realizar os serviços de auditoria. Conforme extrato do aditivo obtido pela reportagem, o aumento no valor do contrato foi autorizado pela atual diretoria do BNDES. 

Quando convertido em reais, o custo total do contrato com o escritório ultrapassa R$ 70 milhões - mas o BNDES sustentou, em resposta via Lei de Acesso à Informação (LAI), que a parcela desembolsada para a auditoria nos contratos foi de R$ 48 milhões. O banco não respondeu quais serviços foram prestados para o restante do contrato.  

O pedido de informação de Sherman foi expedido no âmbito de uma outra investigação, aberta no TCU em 2018, e que buscava descobrir “evidências de ocorrência privilégios e favorecimentos às empresas do Grupo JBS”.  Ela  serviu inclusive de argumento para que o BNDES firmasse contrato, naquele ano, contrato com o escritório estrangeiro para realização da auditoria nas operações da J&F. 

Com a diligência do TCU em curso, o alvo agora deixa de ser as operações da JBS e própria diretoria do banco passa a ser cobrada a dar explicações sobre o gasto milionário.