Brasil247 - O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, solicitou esclarecimentos do secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), sobre a construção de uma casa de luxo avaliada em ao menos R$ 3 milhões, em Porto Feliz, interior paulista. A informação foi divulgada pelos jornalistas Artur Rodrigues e Renan Porto, do Metrópoles.

O imóvel está sendo erguido em um dos condomínios mais exclusivos da região, frequentado por empresários e figuras públicas de alto poder aquisitivo. O caso veio à tona após o empreiteiro responsável afirmar que os pagamentos vêm sendo conduzidos por um empresário amigo de Derrite, o que acendeu o alerta de possíveis irregularidades. 

Diante disso, o deputado estadual Antonio Donato (PT) protocolou um pedido formal de investigação ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), apontando indícios de enriquecimento ilícito e evolução patrimonial incompatível por parte do secretário.Como Derrite ocupa um cargo de primeiro escalão no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), cabe exclusivamente ao chefe do MPSP decidir se a apuração será oficialmente aberta. Oliveira e Costa aguarda a manifestação do secretário para avaliar os próximos passos.

A casa construída por Derrite tem 440 metros quadrados de área construída e inclui design moderno, janelas amplas de vidro, revestimentos de madeira cumaru orçados em R$ 140 mil e uma piscina retangular no jardim. A propriedade está localizada em um terreno de 800 metros quadrados adquirido por R$ 475 mil em junho de 2023, com pagamento feito à vista, diretamente à incorporadora. Um mês antes, Derrite havia vendido um apartamento em São Paulo por R$ 650 mil.

Segundo as declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral em 2022, o patrimônio de Derrite era de R$ 812 mil, menos de um terço do valor da nova residência. 

Além disso, o condomínio onde o imóvel está situado oferece estrutura de alto padrão, como quadras de tênis, academia, piscina coberta e até um lago particular.A situação ficou ainda mais delicada após o Metrópoles revelar que parte dos pagamentos pela obra estaria sendo feita por Guilherme Moron Peres Trindade, conhecido como Gui Moron, empresário ligado ao secretário. Trindade já foi condecorado por Derrite em cerimônia oficial, o que levantou suspeitas de favorecimento indevido.No pedido apresentado ao MPSP, o deputado Antonio Donato solicita a apuração da origem dos recursos usados na compra e construção do imóvel e sugere que pode haver ocultação de patrimônio. 

O parlamentar também mencionou o relacionamento de Derrite com outros empresários que mantêm contratos com o governo estadual, como José Romano Netto, conhecido como Zeca Romano, e Sérgio Comolatti. Segundo Donato, Derrite teria viajado em um jatinho particular de Romano em dezembro de 2024.Além do requerimento ao Ministério Público, Donato enviou ofícios ao governo de São Paulo cobrando posicionamento da Controladoria-Geral do Estado sobre a evolução patrimonial de Derrite, questionando se o órgão já iniciou alguma apuração interna. O caso se tornou mais um capítulo de tensão entre oposição e a gestão estadual, enquanto o Ministério Público analisa se abre ou não investigação formal.