Um servidor da Polícia Federal cedido à Presidência da República que estava no Palácio do Planalto durante os ataques terroristas de bolsonaristas no dia 8 de janeiro afirmou em depoimento que militares das Forças Armadas escoltaram os golpistas até a saída de emergência para evitar que fossem presos.

"Um militar orientava a tropa do BGP (Batalhão da Guarda Presidencial) para fazer um corredor e liberar os manifestantes para saírem pela saída de emergência para trás do Planalto: "Vamos liberar, fazer um corredor"; que vários manifestantes ficavam no local afirmando que o Exército os estava protegendo; que, então, o Choque subiu a rampa para acessar o Planalto; que um um dos militares que tentava organizar uma liberação para os invasores se dirigiu à tropa de choque da Polícia Militar do DF, tentando impedi-los de entrar: ´aqui não, aqui não'", diz trecho do depoimento, segundo o blog da jornalista Carolina Brígido, do UOL. 

 O servidor depôs à Polícia Federal em 11 de janeiro e, até agora, está protegido por sigilo. Na ocasião, ele disse que gravou vídeos em seu celular comprovando as cenas descritas. As imagens já estariam em posse dos investigadores. Segundo fonte que participa das investigações, o depoimento e os vídeos são provas fortes de algo que muitos suspeitavam.

Por volta desse horário, do lado de fora do Planalto, já havia confrontos, o helicóptero da Polícia Federal dispersava gás nos manifestantes que quebravam o STF. O depoente teria ficado indignado e gritado para os militares "tomarem posição, avançarem contra os manifestantes, mas eles não faziam nada". Segundo o servidor, "alguns apenas diziam que aguardavam orientações" e "diversos manifestantes entravam e saiam do local livremente".

Segundo a jornalista Carolins Brígido, o servidor da PF também contou à PF que "a tropa da Polícia Militar do DF que dominou o local e os manifestantes era menor do que a tropa do BGP que estava no Planalto". Disse, ainda, "que a segurança do Planalto estava desmobilizada naquele dia, não havendo comando ou preparo dos militares no local; que os militares com os escudos apenas ficavam parados e outros militares, fardados ou com coletes do GSI, circulavam pelo local, conversavam com os manifestantes".