247 - O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), indicou a interlocutores, segundo o Metrópoles, que não deseja participar de uma acareação com o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado. 

A proposta de acareação foi feita pelo advogado José Luis de Oliveira Lima, conhecido como “Juca”, que assumiu a defesa de Braga Netto em 18 de dezembro. O objetivo do procedimento seria confrontar as versões apresentadas pelos dois militares sobre as acusações de envolvimento em reuniões e ações para viabilizar um plano golpista. Entretanto, fontes próximas a Mauro Cid afirmam que ele teme que o confronto direto com o general, somado à hierarquia militar rígida, possa gerar um constrangimento ainda maior.

De acordo com aliados, Cid busca evitar exposição pública adicional, considerando o impacto na sua família, que, segundo relatos, sofre com cada nova revelação sobre seu envolvimento no caso. Cid quer submergir, afirmam interlocutores, destacando que o militar deseja se afastar de novas manchetes.

Além disso, a rejeição de Mauro Cid reflete a delicada relação hierárquica entre ele e Braga Netto. No ambiente militar, situações que colocam um oficial de patente inferior em confronto direto com um general podem ser vistas como desrespeitosas, o que agrava a resistência de Cid.

As acusações contra Braga Netto - Braga Netto está preso no Rio de Janeiro desde 14 de dezembro, sob acusação de obstrução de Justiça no inquérito sobre a tentativa de golpe. O Supremo Tribunal Federal (STF) citou em sua decisão trechos da delação de Mauro Cid, na qual o tenente-coronel afirmou que Braga Netto organizou uma reunião em seu apartamento para discutir os planos golpistas e teria arrecadado fundos para financiar algumas ações relacionadas.

A defesa de Braga Netto, no entanto, aposta na acareação como estratégia para confrontar as alegações de Mauro Cid e reforçar a inocência do general.