A reforma da previdência, principal medida para a estabilidade do país adotada em 2019, acabou saindo graças ao empenho do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e não pelos esforços de Bolsonaro ou Guedes. Maia e um grupo de líderanças no Congresso garantiram governabilidade mínima à nova administração federal. E por isso estão sendo punidos em cez de aplaudidos como aponta nova pesquisa Atlas Político.

Divulgada nesta quinta (13/2) por El País, a pesquisa avaliou por meio de entrevistas digitais a imagem de personalidades do mundo político. Maia, o padrinho da reforma e guardião-mor da governabilidade, aparece com o maior índice de avaliação negativa: 66%. É o campeão da má imagem política.

O desempenho de Maia no ranking do Atlas impressiona. Com sua atitude pragmática e moderada, o presidente da Câmara conseguiu marcar 23 pontos à frente de Bolsonaro e Guedes, que empatam em avaliação negativa com 43%. O presidente e o ministro até aqui se notabilizaram menos por ato ou feitos concretos e mais por declarações impactantes, não raro politicamente incorretas. Fazem o oposto de Maia. E segundo o Atlas, desagradam muito menos o público.

Esta não é a primeira pesquisa a indicar que o Congresso e seus líderes se deram mal ao assumir o ônus de dar rumo ao governo e fazer reformas impopulares, numa espécie de tutela política do Executivo. Diante dessa evidência, o que fará Maia em 2020? Vai continuar segurando a onda da governabilidade, para depois ser bombardeado na opinião pública? A conferir no devido tempo.

A bomba de Maia em contraponto ao relativo conforto político de Bolsonaro e Guedes levantam reflexões sobre o eleitor, que não parece disposto a lidar com realidades ou verdades que não lhe agradem. O populismo deitou raízes fundas na sociedade brasileira.