O presidente Lula (PT) discursou nesta sexta-feira (2) sobre os desafios enfrentados nos seis primeiros meses de seu novo governo, em que na maior parte do tempo os esforços se deram para reconstruir políticas sociais "destruídas" pelas administrações de Jair Bolsonaro e Michel Temer. De acordo com o presidente, sua impressão é de que o Brasil "está recém-saído de um furacão, parece que passou uma praga de gafanhotos e tentou destruir tudo que a gente tinha".

"Estamos há seis meses reconstruindo todas as políticas que nós levamos 13 anos para fazer. Conseguiram destruir em quatro ou seis anos. Agora nós já começamos a refazer quase tudo. As políticas vão voltar melhores, o Mais Farmácia vai voltar melhor, o Luz Para Todos vai voltar melhor, o Bolsa Família vai voltar melhor, a educação vai voltar a fazer melhor. Nós não vamos deixar de fazer investimentos", afirmou Lula.

O discurso ocorreu durante a inauguração de um novo prédio da Universidade Federal do ABC, que abrigará 22 laboratórios de pesquisa científica e inovação tecnológica. Em sua fala, Lula também destacou que não será possível implementar seu projeto de país sem a ajuda do Congresso Nacional: "vocês viam que eu dizia que iríamos abrasileirar o preço da gasolina. Não havia nenhuma razão para o preço do combustível no Brasil ser ligado ao preço internacional, e ainda não foi feito tudo. Nós vamos ter que recuperar esse país, e nós não vamos recuperar sozinhos. É importante vocês saberem da correlação de forças no Congresso Nacional".

"A esquerda toda tem no máximo 136 votos, isso se ninguém faltar. Nós, para votar uma coisa simples, precisamos de 257 votos. E para aprovar uma emenda constitucional é maior ainda o número de deputados que nós precisamos. Então é preciso que vocês saibam o esforço para governar. Não é só ganhar uma eleição. Você ganha uma eleição e depois precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar alguma coisa", ressaltou o chefe do Executivo.

O presidente salientou a necessidade constante do diálogo com o Legislativo, comparando a democracia ao casamento, onde os dois lados têm que ceder e fazer concessões: "ontem a gente corria o risco de não ter aprovado o sistema de organização do governo que nós fizemos. E aí você não tem que procurar o amigo, não estava lá o Vicentinho, porque ele já é voto nosso. Você tem que conversar com quem não gosta da gente, com quem não votou na gente. Então é um esforço. Posso dizer para vocês: eu hoje, aos 77 anos de idade, estou muito mais otimista do que estava no primeiro mandato. Estou mais otimista de que o que aconteceu nesse país serviu de lição para a gente saber que a democracia não é pouca coisa, é um valor que não tem tamanho".