MÔNICA BERGAMO (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) avalia que seu governo errou ao tratar os acampamentos golpistas montados no QG do Exército como simples protestos democráticos.

Na semana passada, ao tomar posse, o ministro da Defesa, José Múcio, declarou que tinha até amigos e familiares que participavam dos atos, e que eles eram pacíficos e seriam desarmados com o tempo, sem a necessidade de repressão.

"Aquelas manifestações no acampamento, e eu digo com muita autoridade porque tenho familiares e amigos lá, é uma manifestação da democracia", disse ele a jornalistas em entrevista coletiva pouco depois de assumir o cargo.

Segundo Lula afirmou a outros ministros de sua equipe, faltou pulso firme e visão real de Múcio, e portanto de seu próprio governo, sobre o perigo que golpistas acampados em plena área militar representavam.

Teria sido necessária uma medida mais firme para dispersar os acampamentos, o que só começou a ser feito nesta segunda (9), depois que os criminosos invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Há uma avaliação de que falharam também áreas de inteligência do Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino, e do Gabinete de Segurança Institucional, que não monitoraram adequadamente a chegada em Brasília de bolsonaristas golpistas em mais de 80 ônibus.

Desde a posse de Lula, Dino definia os acampamentos montados em frente a unidades do Exército em todo o país como incubadoras de terroristas.

Eles pediam um golpe militar para manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Um empresário que participava deles chegou a planejar explodir um caminhão de combustíveis nas cercanias do aeroporto de Brasília, e acabou preso.

Antes de depredarem o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional de o STF, os golpistas protagonizaram diferentes casos de violência que incluíram ato de terrorismo, depredações, agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio.