Brasil247 - Em entrevista ao Boa Noite 247, o deputado federal e ex-senador Lindbergh Farias afirmou que o Brasil viveu um “dia histórico” com a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. Para o parlamentar, a decisão representa a vitória mais importante da democracia brasileira desde a redemocratização, corrigindo falhas do passado e projetando novas garantias para o futuro.

Segundo Lindbergh, a sentença enquadra Bolsonaro como chefe de uma organização criminosa armada, o que, de acordo com a legislação, deve levá-lo a cumprir pena em presídio de segurança máxima. “O Bolsonaro foi enquadrado pela lei das organizações criminosas. Isso significa que ele terá de cumprir pena em presídio de segurança máxima”, destacou.

O deputado lembrou que a ausência de uma justiça de transição após a ditadura militar deixou marcas profundas no país e permitiu que setores autoritários voltassem a ameaçar a democracia. Ao citar nomes como Rubens Paiva, Vladimir Herzog, Zuzu Angel, Carlos Lamarca, Carlos Marighella e a ex-presidenta Dilma Rousseff, ele ressaltou que o julgamento representa também um acerto de contas com a memória histórica. “Estamos corrigindo isso para o futuro. Eles [a extrema direita] sempre quiseram liberdade para atentar contra o Estado Democrático de Direito, mas agora terão mais dificuldades”, afirmou.

Lindbergh criticou a resistência da Câmara dos Deputados em afastar parlamentares já condenados, como Carla Zambelli, e anunciou que ingressará com representação no Supremo para obrigar a Casa a cumprir imediatamente as determinações judiciais. “Não podemos admitir que o Parlamento descumpra decisões judiciais. O caso do Ramagem, por exemplo, precisa de resposta rápida”, disse.

Para o deputado, a decisão do STF também reafirma a soberania nacional diante de pressões externas. Ele citou declarações recentes de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, e do senador republicano Marco Rubio, classificadas como tentativas de intimidação contra o Brasil. “O Brasil mostrou que tem uma democracia respeitada no mundo inteiro. A nossa soberania se impôs frente às ameaças externas”, afirmou.

Ao ser questionado sobre a comparação com o impeachment de Fernando Collor, em 1992, Lindbergh avaliou que a conjuntura atual é ainda mais grave. “Naquela época, havia um presidente corrupto e resistência ao neoliberalismo. Agora, vivemos uma ameaça direta à democracia, com participação de uma potência estrangeira. Esse é um momento mais dramático”, analisou.

Apesar dos riscos, o parlamentar comemorou o resultado do julgamento e defendeu a continuidade da mobilização popular. “Tivemos uma vitória importantíssima, mas a extrema direita segue articulada internacionalmente. Precisaremos de mobilização social para reeleger o presidente Lula em 2026”, concluiu.