O Ministério Público Federal no Paraná denunciou nesta sexta-feira, 31, o ex-presidente da Jurong no Brasil, Martin Cheah Kok Choon, e o operador financeiro Guilherme Esteves de Jesus por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo sete contratos de afretamento de sondas fechados em 2012 entre a multinacional e a Petrobras. Segundo a Lava-Jato, no âmbito de tais contratos foram pagos R$ 43 milhões em propinas sendo que as operações de lavagem feitas pelos acusados no exterior "ultrapassaram o montante de R$ 100 milhões".
A Procuradoria aponta que o grupo Jurong, por meio de seu então representante, Guilherme Esteves de Jesus, pagou propinas ao ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque via transferências de contas secretas mantidas no paraíso fiscal Liechtenstein para contas que Duque e outros beneficiários mantinham na Suíça.
Segundo o Ministério Público Federal, as investigações constataram que os pagamentos ilícitos feitos por Guilherme Esteves contaram com o conhecimento e autorização de Martin. Além disso, o operador financeiro repassava parte do "lucro ilícito" dos atos de corrupção ao ex-presidente da Jurong.
Os valores eram transferidos entre contas não declaradas no exterior, mantidas por ambos em nome de offshores, diz o MPF.
Segundo a Lava-Jato, documentação bancária comprova que Guilherme Esteves transferiu mais de US$ 9 milhões para as contas de Martin.
A Lava-Jato rastreou os valores ilícitos desviados do Brasil e identificou transferências realizadas no exterior que totalizam US$ 24.507.238,65, equivalente a mais de R$ 100 milhões.
De tal valor, cerca de R$ 47 milhões estão bloqueados por causa de pedidos de cooperação da Lava-Jato para a Suíça e Liechtenstein.
A Procuradoria pediu à Justiça que condene Martin ao pagamento de dano mínimo de US$ 10.366.264,03 para a Petrobras - o equivalente a R$ 43.643.008,191. Segundo a Lava-Jato, o valor corresponde ao total de propinas pagas no âmbito dos contratos entre a Jurong e a administração pública federal.
Foi pedido ainda o bloqueio de US$ 9.033.710,13 em bens do ex-presidente da multinacional - correspondentes a R$ 38.032.823,021 - relativos ao que foi recebido de Guilherme a partir das operações de lavagem de dinheiro.
Em relação ao operador, o valor do bloqueio pedido pela Lava Jato é de US$ 24.507.238,65, correspondente a R$ 103.177.925,442, relativo ao montante utilizado nos atos de corrupção.