COTAÇÃO

BRASÍLIA - O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) tem crescido nas cotações para entrar na reforma ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Há a expectativa de que nos próximos dias, ele seja anunciado na Secretaria-Geral da Presidência da República, ocupando o lugar de Márcio Macêdo, que sofre um processo de fritura há pelo menos seis meses.

Boulos tem uma relação de proximidade com Lula desde quando era coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), há cerca de dez anos. No ano passado, o deputado teve o apoio do presidente na eleição para a Prefeitura de São Paulo, após o petista ter se empenhado pessoalmente para que o PT entrasse na chapa liderada pelo Psol.

A possível troca de Macêdo por Boulos teria como objetivo afinar a interlocução do governo com os movimentos sociais, que tem sido a principal função da pasta no atual governo. Em diferentes ocasiões, Macêdo foi criticado por Lula, inclusive publicamente, como no ato esvaziado das centrais sindicais em São Paulo, em 2024.

De perfil mais enérgico e polêmico, Boulos seria uma aposta de Lula para mobilizar a militância e os grupos próximos ao partido, já visando as eleições de 2026. No entanto, o MTST, do qual o deputado é próximo, é tido como um movimento pequeno em comparação ao MST e outros movimentos com quem o psolista ainda não tem um diálogo tão afinado. Este é apontado como um dos desafios caso ele assuma o ministério.

Outro obstáculo enfrentado pelo parlamentar está em seu próprio partido. Apesar de compor a base do governo Lula, o Psol tem quadros, como o deputado Glauber Braga (RJ), que defendem maior independência em relação ao Planalto. Além disso, uma resolução do diretório nacional impede filiados de ocupar cargos nos ministérios, com exceção à ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

Caso assuma a secretaria, Boulos pode ter menos de um ano para mostrar serviço. O prazo para ocupantes de cargos do Poder Executivo deixarem suas funções para concorrer às eleições de 2026 vai até abril, fator que tem dificultado outras mudanças pretendidas por Lula em sua equipe de ministros.

Esta pode ser a sétima mudança feita por Lula na Esplanada em 2026. Ele já trocou Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação; Alexandre Padilha por Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais; Nísia Trindade por Alexandre Padilha na Saúde; Juscelino Filho por Frederico Siqueira nas Comunicações; Carlos Lupi por Wolney Queiroz na Previdência Social; e Cida Gonçalves por Márcia Lopes na pasta das Mulheres.