Brasília - Depois de atacar as instituições sistematicamente nos últimos anos, a extrema-direita e o bolsonarismo agora estão em conflagração grave. Um dos alvos da guerra bolsonarista especialmente durante a campanha de 2018 foi o STF, com Eduardo Bolsonaro chegando a anunciar que bastaria um soldado e um cabo para fechar o Supremo. Uma vez no poder e enrolado com uma série de denúncias que estão nas mãos do Judiciário, como o caso Queiroz, o clã Bolsonaro resolveu moderar seus ataques, por uma questão de sobrevivência. Mas agora não consegue colocar o gênio de volta na lâmpada. Os radicais da extrema-direita como o Major Olímpio e a senadora Juíza Selma são dois símbolos da guerra intestina do bolsonarismo: ela saiu do PSL e Olímpio pede, num gesto impensável até semanas atrás, a saída de Flávio Bolsonaro, filho do "chefe", do partido.
Segundo o senador Major Olímpio, líder do governo no Senado, a saída de Flávio Bolsonaor da legenda se deve ao fato dele “trazer vergonha” ao não assinar o requerimento de criação da CPI da Lava Toga. “Nós que representamos a bandeira anticorrupção do Presidente. Eu tentei convencê-la (senadora Juíza Selma, que após ser agredida por Flávio Boslonaro está deixando o PSL para se filiar ao Podemos) a ficar e resistir conosco. Quem tem que cair fora do PSL é o Flávio, não ela. Gostaria que ele saísse hoje mesmo”, afirmou o parlamentar ao jornal o Estado de S. Paulo.
Apesar de defender a saída de Flávio Bolsonaro do partido, o Major Olímpio descartou a possibilidade de ingressar com uma representação no Conselho de Ética pelo fato dele não ter transgredido nenhuma das normas do partido. Para ele, o que o filho do presidente fez ao partido foi “Só trazer muita vergonha a nós”, afirmou.
Em uma outra defecção que expôs o racha interno no partido, o deputado federal Alexandre Frota foi expulso do PSL e se filiou ao PSDB. Frota, ex-integrante das hostes bolsonaristas na Câmara, saiu atirando contra a direção da legenda e o próprio Jair Bolsonaro, a quem chamou de “hipócrita”.
Até mesmo o Movimento Brasil Livre (MBL), ligado à extrema direita e que foi criado para fortalecer o golpe parlamentar que depôs a presidente Dilma Rousseff em 2016, já demonstrou sua insatisfação com o atual ocupante do palácio do Planalto.
Para o deputado federal Kim Kataguiri, um dos líderes do MBL, o movimento errou ao "não criticar o Bolsonaro antes". Em uma das rusgas mais recentes, Kataguiri disse que a “boiada está defendendo o patrimonialismo do presidente” ao apoiar a indicação do subprocurador Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, como feito por Bolsonaro.