Contratos no valor de R$ 25 milhões assinados por estatais durante a administração Jair Bolsonaro (PL) beneficiaram , segundo revela o Metrópoles, um grupo de empresas liderado por Nelson Santini, articulador político e responsável pela segurança privada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato apoiado por Bolsonaro no estado mais importante do país. Pelo menos um desses contratos foi firmado sob circunstâncias suspeitas, já durante o período eleitoral.

Nelson Santini, irmão do advogado José Vicente Santini, que ocupou cargos importantes no Palácio do Planalto, possui ligações estreitas com essas empresas. Durante a gestão de Jair Bolsonaro, José Vicente Santini esteve envolvido em episódios controversos, como sua demissão de um cargo importante na Casa Civil por usar, indevidamente, um avião oficial em uma viagem à Suíça e à Índia. No entanto, ele continuou ocupando outros cargos no governo, chegando a assumir a secretaria do Ministério da Justiça, uma das mais relevantes da pasta.

As empresas de Nelson Santini celebraram contratos com a Transpetro, empresa logística da Petrobrás, com os Correios e com a Caixa Econômica Federal, totalizando R$ 25 milhões. Esses contratos, por serem firmados com estatais, ficaram praticamente invisíveis ao grande público, não sendo encontrados, por exemplo, no portal da Transparência do governo federal.

Os contratos com a Transpetro foram assinados sem licitação e de forma emergencial, totalizando mais de R$ 7 milhões em pagamentos à Campseg, empresa do grupo de Nelson Santini, responsável pela proteção de trechos onde passam dutos da empresa em São Paulo. A justificativa da Transpetro para a contratação emergencial foi que o processo de licitação para o mesmo serviço ainda estava em andamento.

Nos Correios e na Caixa, os negócios foram fechados durante o segundo semestre de 2022, em meio à efervescência da campanha eleitoral. A empresa de Nelson Santini, a Auto Defesa Brasil Tecnologia e Monitoramento de Sistemas Eletrônicos, venceu todas as disputas em pregões para o fornecimento de luzes estroboscópicas e alarmes para as agências da Caixa em cada região do país, somando R$ 6 milhões. Em quatro dos cinco lotes, a Auto Defesa teve como única concorrente uma empresa com histórico de fraude em licitação.

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo abriu uma investigação em 2023 para apurar possíveis parcerias ilegais entre Nelson Santini e o governo paulista, com indícios de uso de apoio da PM para serviços privados de segurança prestados à concessionária da ferrovia que atende o Porto de Santos.

As empresas do grupo de Tenente Santini, de acordo com sua nota de esclarecimento, afirmam que as concorrências públicas seguiram critérios de menor preço e habilitação técnica, e que seus contratos no setor público representam menos de 0,5% de suas atividades, sendo que aproximadamente R$ 2 bilhões foram faturados nos últimos cinco anos com negócios no setor privado. José Vicente Santini e Tarcísio não se pronunciaram sobre o assunto.