A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), destacou neste domingo (14) a importância das relações do Brasil com a China. "A China é o nosso principal parceiro comercial, graças à política determinada do presidente Lula a partir de seu primeiro mandato", afirmou em uma de suas redes sociais. 

"Nunca seguimos o processo político chinês de governança, o que não nos impede de avaliarmos de maneira positiva o que ele trouxe à China, seu desenvolvimento célere em 40 anos, saindo de uma economia praticamente feudal para a grande potência mundial que é hoje. Estão construindo o modelo socialista a partir de sua realidade e sustentando um país com 1,4 bilhão de habitantes".

A dirigente do PT rebateu a jornalista Miriam Leitão neste domingo (14) após a publicação da coluna "PT ajuda a versão do adversário ao defender que tem a mesma proposta do PC Chinês".

De acordo com a parlamentar, existe "muito preconceito sobre a vida no Oriente". "Os ocidentais nutrem uma prepotência enorme em relação ao que conhecem pouco. Não precisamos copiar ninguém, apenas reconhecer o sucesso alheio e ver quais ensinamentos nos proporcionam", afirmou Gleisi em uma de suas redes sociais.

"Quero deixar claro que conhecer e avaliar experiências de outros países é obrigação de um partido político que se propõe ser transformador. O PT mantém relações com partidos de tradição socialista, popular e democrática dos mais diversos países. Não podemos parar de conhecer e aprender por causa das mentiras da extrema-direita".

Em um trecho de sua coluna, Miriam escreveu: "O que não faz sentido é sugerir que há uma irmandade com um partido que governa a China com mão de ferro há 75 anos, que destrói qualquer oposição que apareça, que controla tudo, a imprensa, as redes sociais, as empresas, as artes".

Para a jornalista, "há uma doença infantil da qual o Partido dos Trabalhadores nunca se curou". "Somando-se os tempos, ele governou o Brasil por quase 15 anos. Já poderia ter desenvolvido um pensamento internacional mais sofisticado, sem alinhamento com uma potência ditatorial, e que evitasse o antiamericanismo estudantil. Aqui no Brasil partido é partido, governo é governo —ao contrário da China, aliás — mas o que a presidente do PT diz será usado pelos que querem rotular o atual governo de ditatorial, ou dizer que o espectro do comunismo ronda o Brasil".

Leia a íntegra da postagem de Gleisi

Li a coluna da jornalista @miriamleitao, por quem tenho respeito, apesar de divergências, que fala sobre nossa visita à China e questiona o momento dessa viagem e de minhas declarações, tendo em vista a ofensiva da extrema-direita com seus argumentos mentirosos sobre comunismo e uma ditadura no Brasil. Logo de início deixa claro, corretamente, que o PT governou o Brasil sempre de forma democrática.

Essa visita já estava programada faz tempo, desde a vinda ao Brasil, em setembro do ano passado, do dirigente do comitê Central do PCCh, Li Xi.

Alguns esclarecimentos são necessários para que se entenda o processo e a importância dessas relações para o nosso país:

1. Há 40 anos PT e PCCh têm relações políticas. Há 50 anos, Brasil e China retomaram relações diplomáticas e em 1993 firmaram uma parceria estratégica, aprofundando suas relações políticas e comerciais. Isso tem sido vital para a economia de nosso país e sucesso de nossas exportações. Hoje a China é o nosso principal parceiro comercial, graças à política determinada do presidente Lula a partir de seu primeiro mandato.

2. Nunca seguimos o processo político chinês de governança, o que não nos impede de avaliarmos de maneira positiva o que ele trouxe à China, seu desenvolvimento célere em 40 anos, saindo de uma economia praticamente feudal para a grande potência mundial que é hoje. Estão construindo o modelo socialista a partir de sua realidade e sustentando um país com 1,4 bilhão de habitantes. 

3. Não existe um modelo acabado de socialismo, é uma construção a partir da realidade, cultura e condições políticas de cada país. O PT defende o socialismo democrático, a ser construído de acordo com nossa realidade, condições e vantagens competitivas. Ao fim e ao cabo, o que queremos é que o povo brasileiro seja considerado nesse processo, saindo da miséria e pobreza, tendo condições dignas de vida. Para isso precisamos ser ousados, como foram os chineses, sempre considerando a nossa realidade.

4. O que vi na China foi uma sociedade próspera, que cresce, inclui a população e influencia o mundo. Com grandes investimentos na indústria, infraestrutura e tecnologia. Eles têm um planejamento para o desenvolvimento do país. Sim é o Partido Comunista quem governa, de forma planejada e organizada. E isso vem dando certo para a maioria do povo chinês.

5. Aqui, somos histórica e culturalmente diferentes. Temos diversidade partidária e de opiniões, mas isso não impede de planejarmos um modelo de desenvolvimento que corresponda às dimensões, à potencialidade e às necessidades do Brasil. Os chineses têm como meta, por exemplo, o investimento de 10% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. E nós, qual é a meta q nos move? 

6. Somos grandes, importantes na geopolítica, e nos tratamos como pequenos, amedrontados por um debate conjuntural, que se não enfrentarmos nos levará a derrota no desenvolvimento do país. É preciso ousadia da elite brasileira para fazer do Brasil uma potência. E ele pode e deve ser.

7. O PT chega até aqui sem esconder suas posições, talvez por isso chegamos. Disputando idéias e defendendo causas, e isso com o DNA democrático, que foi uma das causas fundantes da nossa existência. 

8. Há muito preconceito sobre a vida no Oriente. Os ocidentais nutrem uma prepotência enorme em relação ao que conhecem pouco. Não precisamos copiar ninguém, apenas reconhecer o sucesso alheio e ver quais ensinamentos nos proporcionam. 

9. O agronegócio brasileiro e o setor de minérios sabem muito bem o que a China representa para seus interesses. Se acham que é uma ditadura a ser combatida podiam começar por encerrar as relações comerciais que têm com o país governado pelo Partido Comunista. Ao fim ao cabo, esses setores de tanto sucesso no Brasil, estão alimentando e incentivando a governança chinesa.

10. Por fim, quero deixar claro que conhecer e avaliar experiências de outros países é obrigação de um partido político que se propõe ser transformador. O PT mantém relações com partidos de tradição socialista, popular e democrática dos mais diversos países. Não podemos parar de conhecer e aprender por causa das mentiras da extrema-direita. Miriam Leitão diverge com civilidade de nossas posições, diferentemente de colegas que usam o deboche ou simplesmente repetem o discurso da extrema-direita. Estes sim, dão munição ao adversário da democracia.

 

Brasil247