De um lado, no campo do candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), os padrinhos políticos não serão bem-vindos ao palanque, apenas a declaração de apoio. Do outro, do rival Bruno Engler (PL), acontece exatamente o contrário, estão sendo convocados. Por quê? Fuad chegou sozinho, sem eles, ao segundo turno, e seus eventuais e possíveis apoiadores passam por turbulência de avaliação. Já os padrinhos políticos de Engler são muito fortes, desde o ex-presidente Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (ambos do PL) ao senador Cleitinho (Republicanos).

 Diante disso, a primeira iniciativa de Fuad, adotada um dia depois da votação que o colocou no 2º turno, foi desnacionalizar e despolarizar sua campanha. O núcleo político avaliou consensualmente que em nada ajuda a presença do presidente Lula e de outros figurões. Entre eles, o presidente do Congresso Nacional, o senador por Minas Rodrigo Pacheco (do mesmo partido de Fuad) e ministros do governo federal.

A medida foi estimulada após as declarações tidas como atrapalhadas do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que disse exatamente o contrário no domingo da votação. “Não queremos a rejeição que não é nossa”, observou uma liderança da campanha do PSD, ao defender que a pauta local será a de Fuad, da experiência contra a inexperiência. A rejeição anotada refere-se ao momento do governo Lula.

 Apesar de bons indicadores econômicos, tem derrapado nos arroubos do presidente nas relações externas e nos embates com o Banco Central. Ainda assim, vai explorar o apoio administrativo do presidente Lula, com quem tem diálogo para favorecer a capital.

De sua vez, Engler correu a Brasília, nessa quarta, para reafirmar a importância presencial de Bolsonaro e dos aliados na campanha, além de garantir mais recursos do fundo eleitoral. Bolsonaro deverá vir a Belo Horizonte mais de uma vez, convencido de que a capital mineira, assim como a paulista, é pano de fundo para sua recuperação política em 2026.

Velho contra o novo

A estratégia de Engler será desconsiderar a do rival e associá-lo a Lula, Pacheco, Alexandre Silveira e Aécio Neves (PSDB), que também apoia Fuad. “Será a luta do novo contra o velho”, apontou um dos estrategistas da campanha, que vai mostrar um candidato “cheio de energia, jovem e corajoso” para mudar BH. Na avaliação deles, a capital mineira experimenta há 30 anos o insucesso de gestões à esquerda e de centro-esquerda. “Dois terços da cidade querem mudanças no trânsito caótico, nas UPAs lotadas, na falta de medicamentos, filas nas escolas e dos moradores de rua sem solução. Fuad não tem força para enfrentar isso”, avalia.

Chumbo grosso vem aí

A turma de Engler promete “campanha limpa” desde que não sejam atacados e diz ter material para o contra-ataque. A de Fuad começa o trabalho de desconstrução, convencida de que Engler foi poupado no 1º turno. O foco inicial será a atuação dele como deputado estadual, criticando a baixa presença e produtividade legislativa. “Será a luta do trabalho contra o não trabalho”, antecipa um dos estrategistas.

 Kalil deverá ficar fora

Se a adesão do Republicanos a Engler traz junto o apoio liberado de Cleitinho, criará também outro constrangimento. Kalil não será bem-vindo.

 

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