BRASIL DE LUTO

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), cobrou a demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), e criticou a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante do escândalo de fraudes envolvendo descontos irregulares em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Em vídeo publicado em suas redes sociais nesta quinta-feira (1º/5), feriado do Dia do Trabalhador, Zema afirmou que o Brasil, em vez de celebrar, "está de luto".

No vídeo, o governador afirma que trabalhadores que contribuíram ao longo de toda a vida foram vítimas de um esquema que desviou bilhões de reais de suas aposentadorias. Zema se refere aos descontos não autorizados de aposentados e pensionistas, relevados pela Operação Sem Desconto, que foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria Geral da União (CGU) no dia 23 de abril.

"Hoje era para o Brasil estar celebrando o Dia do Trabalhador. Mas, na verdade, está de luto, porque quem trabalhou a vida inteira foi roubado. Foram R$ 6 bilhões da sua aposentadoria. Sabe pra quê? Pra comprar joia, pra comprar obra de arte, pra comprar carrão", disse o governador.

Zema criticou Lula por não ter tomado providências e manter Lupi no comando da Previdência. Para ele, a permanência do ministro levanta suspeitas sobre o receio do presidente de que as investigações cheguem a pessoas próximas de seu governo.

"E o que o Lula fez até agora? Nada. O Lupi continua ministro da Previdência. Como é que o Lula não demite o ministro que deixa roubarem os aposentados? O Lula tem medo de que as investigações cheguem a mais companhias dele? Eu não me calo. Vamos juntos acabar com essa quadrilha", completou.

O protesto não se limitou ao discurso. Zema alterou suas fotos de perfil nas redes sociais para o símbolo do luto e apareceu em vídeo com uma camiseta preta, na qual se lia a inscrição: “1º de maio de luto”.

A cobrança de Zema vem na esteira das investigações sobre fraudes bilionárias praticadas por associações entre 2019 e 2024. Até o momento, porém, não há indícios de envolvimento do ministro Carlos Lupi.

Politicamente, o episódio marca mais um capítulo da escalada de Zema rumo ao tabuleiro nacional. Cotado como possível candidato do espectro centro-direita à Presidência da República em 2026, o governador mineiro tem adotado discursos cada vez mais duros contra Lula e vem buscando se consolidar como um nome viável para a disputa presidencial, sobretudo entre eleitores antipetistas. 

Lula cobra ressarcimento

Na noite dessa quarta-feira (30/4), o presidente Lula falou publicamente sobre o caso pela primeira vez. Em pronunciamento transmitido em rede nacional de rádio e televisão, o petista disse ter determinado à Advocacia-Geral da União que processe as entidades envolvidas e cobre o ressarcimento dos prejuízos causados aos aposentados e pensionistas.

"Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019. Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas", disse. O pronunciamento, com duração de cerca de cinco minutos, foi transmitido às 20h30.

Lula também ordenou a demissão de Alessandro Stefanutto, presidente do Instituto. Ele havia sido indicado por Lupi em julho de 2023 e é servidor de carreira desde 2000. Além dele, outros cinco servidores foram afastados após a operação.