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string(61) ""Fidelidade acima de tudo": o novo lema bolsonarista em Minas"
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A extrema-direita brasileira já teve Deus, Pátria e Família como o maior lema. Em 2025, porém, a palavra que define candidaturas é outra: lealdade. A fidelidade a Jair Bolsonaro (PL) se tornou critério de escolha e senha de poder. Minas Gerais, mais uma vez, virou laboratório. Foi aqui que se abriu a primeira vitrine da nova régua do bolsonarismo: não basta voto ou capital político, é preciso provar fidelidade pessoal ao ex-presidente.
O caso mais evidente é o do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), que se movimenta para disputar o governo mineiro em 2026. Até pouco tempo atrás, era tratado como aliado próximo, símbolo de uma direita popular. Bastou, porém, criticar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para ser colocado de escanteio.
Ao afirmar que o filho do ex-presidente “perderia contra Lula” em 2026, recebeu a resposta: “Imprudente foi darmos a vaga do Senado para você.” A frase, divulgada por Carlos Bolsonaro (vereador no Rio de Janeiro) e escrita pelo próprio Eduardo, marcou a virada. O senador passou a ser visto como alguém cuja confiança estava sob suspeita.
Nos bastidores, Cleitinho tenta conter o desgaste. Interlocutores garantem que ele não deseja ser enquadrado como rival direto do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), também interessado no Palácio da Liberdade. “O senador só vai falar sobre 2026 quando chegar 2026”, disse um aliado.
Para reforçar sua posição, lembra que foi o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) quem o apresentou a Bolsonaro e repete que sempre terá essa gratidão. Ainda assim, a crítica ao filho do ex-presidente foi suficiente para rebaixar seu espaço dentro do campo bolsonarista.
No Senado, a régua é idêntica. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) e o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) foram abençoados por Bolsonaro não pela densidade eleitoral, mas pelo histórico de lealdade pessoal.
Caporezzo, um dos que mais visitaram o ex-presidente durante o período de reclusão em Brasília, relatou à coluna o que viu: “Movimentos involuntários e soluçando o tempo inteiro. Muito difícil, porque os médicos não conseguem identificar.” E resumiu o espírito do grupo: “Eu sou leal a ele, valorizo a amizade. Traições acontecem. Quem tem alguém pode confiar na fidelidade.” Já Domingos Sávio foi mantido na presidência estadual do PL por ser considerado gestor confiável ao projeto em Minas.
Outros nomes permanecem à margem. Vile (PL), vereador de BH, apesar da proximidade pessoal com Bolsonaro, ainda não recebeu apoio formal. O ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) tenta retomar espaço, mas sem êxito. Ambos esbarram no mesmo obstáculo: sem o selo da confiança, ficam fora da primeira linha.
E Nikolas Ferreira, deputado federal mais votado do país e um nome incontornável para quem precisa dos votos da direita, não parece estar tão envolvido com as questões da sucessão de Zema: nos dois últimos dias, dedicou-se a uma treta nas redes com o historiador e influencer pernambucano Jones Manoel, muito popular no campo progressista.
O movimento não se restringe a Minas. Em Santa Catarina, a deputada federal Caroline De Toni (PL-SC) ameaçou deixar o partido caso fosse excluída da chapa ao Senado. “Ninguém é palhaço”, disse. Também lá, o critério é o mesmo: não é a densidade eleitoral que garante espaço, mas a demonstração de proximidade com Bolsonaro. Minas apenas antecipou o que tende a se repetir em outras regiões.
No pano de fundo está a indefinição do próprio Bolsonaro. Fragilizado por investigações, inelegível e com relatos de saúde debilitada, adia decisões sobre seu papel em 2026. Enquanto posterga, transfere o custo para os aliados, que se enfrentam pela chancela de confiança. O resultado é um tabuleiro em que cada gesto é interpretado como prova de devoção ou sinal de traição.
O laboratório mineiro mostra menos grandiloquência e mais pragmatismo. Não se disputa projeto, nem narrativa, mas a senha de permanência junto a Bolsonaro. O ex-presidente posterga, os aliados se enfrentam, e o critério é claro: não vence quem soma mais votos, mas quem se mostra disposto a pagar o preço da fidelidade. Minas apenas antecipa o filtro que, em 2026, tende a separar os que permanecerão no campo bolsonarista daqueles que ficarão à margem.
NA SOMBRA
Quem também entrou na briga para descredibilizar Cleitinho foi o vice-governador Matheus Simões (PSD), hoje ansioso por costurar uma candidatura com o PL. Pelo que apurou a coluna, esse é um dos pontos centrais de tensão: se Cleitinho for escanteado, cresce a possibilidade de a construção de Simões avançar de fato, abrindo caminho para que ele consolide sua viabilidade como candidato com o respaldo bolsonarista.
SUPERMAN
O comunicador Marco Antônio “Superman”, apadrinhado por Nikolas Ferreira e lançado em agosto, virou o grande fator de desequilíbrio no xadrez do PL: além de dividir ainda mais uma legenda já fragmentada, passou a ser cortejado pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que sugeriu sua migração para o Novo, o que expõe a fragilidade da filiação recém-construída e abre a possibilidade de que ele se torne o único nome do partido do governador Romeu Zema na disputa pelo Senado em Minas.
EXILADO
Lucas Ganem, vereador de Belo Horizonte, tem vivido dias de isolamento político. Alvo de um inquérito da Polícia Federal que apura se ele jamais residiu no endereço informado à Justiça Eleitoral, o parlamentar acumula derrotas: encontra dificuldade para aprovar projetos, não construiu alianças dentro da Câmara e hoje circula praticamente sem base de apoio. Nos corredores, colegas resumem a situação como a de alguém colocado no “escanteio”. Em nota enviada ao EM, ele falou sobre a investigação. "Recebo com surpresa essa ‘notícia’, até porque desconheço qualquer inquérito policial sobre o tema. A título de colaboração e esclarecimento, registro o óbvio (caso sejam reais as afirmações): é claro que não encontrariam informações sobre mim no imóvel diligenciado em agosto (deste ano), porque desde novembro do ano passado (2024) eu não tenho mais endereço lá. Qualquer ilação diferente disso não se sustenta. Fico à disposição para esclarecer o que for necessário.”
“RENOVA” SÓ HÁ UM
O imbróglio dos nomes na eleição do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG) teve definição. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) bateu o martelo e determinou que a Chapa 2, que havia registrado o nome "Renova CRF" após a Chapa 1 registrar o mesmo nome, mude sua denominação. A decisão deu ganho de causa à Chapa 1, liderada por Amanda Fonseca, que registrou o nome primeiro. Segundo o CFF, a medida visa garantir a "isonomia" da disputa e evitar confusão no eleitor. Fonseca, aliás, alfinetou: afirmou que sua chapa é a única que propõe a renovação de fato, já que três membros da Chapa 2 são atuais conselheiros da instituição. A eleição online será em 12 de novembro. (Vinicius Prates)
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do portal Minas1 sobre o tema.
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O caso mais evidente é o do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), que se movimenta para disputar o governo mineiro em 2026. Até pouco tempo atrás, era tratado como aliado próximo, símbolo de uma direita popular. Bastou, porém, criticar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para ser colocado de escanteio.
Ao afirmar que o filho do ex-presidente “perderia contra Lula” em 2026, recebeu a resposta: “Imprudente foi darmos a vaga do Senado para você.” A frase, divulgada por Carlos Bolsonaro (vereador no Rio de Janeiro) e escrita pelo próprio Eduardo, marcou a virada. O senador passou a ser visto como alguém cuja confiança estava sob suspeita.
Nos bastidores, Cleitinho tenta conter o desgaste. Interlocutores garantem que ele não deseja ser enquadrado como rival direto do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), também interessado no Palácio da Liberdade. “O senador só vai falar sobre 2026 quando chegar 2026”, disse um aliado.
Para reforçar sua posição, lembra que foi o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) quem o apresentou a Bolsonaro e repete que sempre terá essa gratidão. Ainda assim, a crítica ao filho do ex-presidente foi suficiente para rebaixar seu espaço dentro do campo bolsonarista.
No Senado, a régua é idêntica. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) e o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) foram abençoados por Bolsonaro não pela densidade eleitoral, mas pelo histórico de lealdade pessoal.
Caporezzo, um dos que mais visitaram o ex-presidente durante o período de reclusão em Brasília, relatou à coluna o que viu: “Movimentos involuntários e soluçando o tempo inteiro. Muito difícil, porque os médicos não conseguem identificar.” E resumiu o espírito do grupo: “Eu sou leal a ele, valorizo a amizade. Traições acontecem. Quem tem alguém pode confiar na fidelidade.” Já Domingos Sávio foi mantido na presidência estadual do PL por ser considerado gestor confiável ao projeto em Minas.
Outros nomes permanecem à margem. Vile (PL), vereador de BH, apesar da proximidade pessoal com Bolsonaro, ainda não recebeu apoio formal. O ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) tenta retomar espaço, mas sem êxito. Ambos esbarram no mesmo obstáculo: sem o selo da confiança, ficam fora da primeira linha.
E Nikolas Ferreira, deputado federal mais votado do país e um nome incontornável para quem precisa dos votos da direita, não parece estar tão envolvido com as questões da sucessão de Zema: nos dois últimos dias, dedicou-se a uma treta nas redes com o historiador e influencer pernambucano Jones Manoel, muito popular no campo progressista.
O movimento não se restringe a Minas. Em Santa Catarina, a deputada federal Caroline De Toni (PL-SC) ameaçou deixar o partido caso fosse excluída da chapa ao Senado. “Ninguém é palhaço”, disse. Também lá, o critério é o mesmo: não é a densidade eleitoral que garante espaço, mas a demonstração de proximidade com Bolsonaro. Minas apenas antecipou o que tende a se repetir em outras regiões.
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Quem também entrou na briga para descredibilizar Cleitinho foi o vice-governador Matheus Simões (PSD), hoje ansioso por costurar uma candidatura com o PL. Pelo que apurou a coluna, esse é um dos pontos centrais de tensão: se Cleitinho for escanteado, cresce a possibilidade de a construção de Simões avançar de fato, abrindo caminho para que ele consolide sua viabilidade como candidato com o respaldo bolsonarista.
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O comunicador Marco Antônio “Superman”, apadrinhado por Nikolas Ferreira e lançado em agosto, virou o grande fator de desequilíbrio no xadrez do PL: além de dividir ainda mais uma legenda já fragmentada, passou a ser cortejado pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que sugeriu sua migração para o Novo, o que expõe a fragilidade da filiação recém-construída e abre a possibilidade de que ele se torne o único nome do partido do governador Romeu Zema na disputa pelo Senado em Minas.
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As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do portal Minas1 sobre o tema.