Já foram descobertos 53 candidatos que receberam ao menos R$ 15 milhões para suas campanhas, mas tiveram votações pífias; esquema se disseminou por todo o país
Sabe-se agora que o laranjal das eleições do ano passado é um verdadeiro latifúndio e é possível que muitos partidos tenham plantado o seu. Não foi apenas em Minas, nem em Pernambuco e nem só no PSL. Estes casos foram apenas a ponta do iceberg, revelando um esquema que movimentou pelo menos R$ 15 milhões dos fundos partidário e eleitoral.
A Folha de São Paulo já descobriu 53 candidatos que receberam mais de R$ 100 mil para financiar suas campanhas, mas saíram das urnas com votações pífias. Eles pertencem a 14 diferentes partidos, mas com predomínio do Pros, PRB, PR, PSD e MDB. Mas o número pode ser maior. Nesta sexta-feira a Rede Globo divulgou, com bases em apurações próprias, que o esquema de candidatas laranjas teria sido reproduzido em nada menos que 18 estados por 18 diferentes partidos. O caldo só engrossa.
Dos 53, 49 são mulheres, como a candidata a deputada estadual pelo Acre, Sônia de Fátima Silva Alves (DEM) que, segundo a Folha, é um fenômeno às avessas. Ela recebeu R$ 279,6 mil para fazer campanha, contratou 72 fornecedores e saiu das urnas com apenas seis votos. Obvio que a sua candidatura só serviu para acesso aos recursos públicos dos fundos partidário e eleitoral. Uma fraude flagrante, apesar da aparência legal.
Pelo visto os laranjais se disseminaram pelo sistema político e partidário, com o esquema sendo copiado por caciques em todo o país. Mais fácil identificar quem não plantou o seu laranjal do que apontar os que ficaram de fora. E agora, como vai ficar a Justiça Eleitoral diante de um escândalo desses?