Um grupo de empresários que já apoiaram - ou ainda apoiam - Jair Bolsonaro (PL) passou a fazer acenos ao ex-presidente Lula, segundo o Estado de S. Paulo. O Instituto Unidos Brasil, fundado em 2020, "defende pautas encampadas pelo empresariado por meio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e promove eventos com políticos, sobretudo bolsonaristas", segundo o jornal.


Fazem parte do grupo como "colaboradores voluntários" Flávio Rocha (Riachuelo), Alberto Saraiva (Habib’s), José Carlos Semenzato (do setor de franquias) e o ex-PM Washington Cinel (fundador da Gocil). Também apoiam o grupo o empresário Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas e candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PTB, e Salim Mattar, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro.

De acordo com a reportagem, "animou o grupo" a declaração do petista na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), sobre a necessidade de uma reforma administrativa. Na ocasião, o ex-presidente também falou na “desoneração da produção”.


Presidente do Instituto Unidos Brasil e da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping, Nabil Sahyoun afirmou que "Lula, orientado, talvez conversando com seus futuros ministros e principalmente o da Economia, sentiu que a desoneração é uma questão irreversível. Dezessete segmentos foram desonerados, e agora a gente precisa desonerar os demais. O presidente que receber uma herança de 12 ou 13 milhões de desempregados tem de fazer alguma coisa. Eu acho que o Lula acabou voltando atrás, está sendo coerente nas posições, e a gente torce para que ele mantenha isso caso seja presidente".
 
O presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, tem dialogado com Lula para convencê-lo a participar de uma sabatina do Instituto Unidos Brasil, em setembro, em São Paulo, além de incluir na agenda um encontro reservado com os empresários.

O grupo enviou a Lula uma carta em 11 de junho, assinada por Sahyoun e pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi, convidando-o para a sabatina. O encontro ocorreria durante a 56.ª convenção nacional do setor. Outros presidenciáveis também foram convidados.


A proposta é de que Lula fale por dez minutos e depois responda a perguntas dos empresários. 

O petista alegou incompatibilidade de agenda e ofereceu que seu candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), participe do encontro em seu lugar. A assessoria do ex-presidente afirmou que ainda não está definido se o petista irá, ou não, à sabatina.

Sahyoun destaca que a aproximação com Lula é importante para garantir o diálogo do setor com o próximo governo. “O setor empresarial quer dialogar com todos os candidatos, porque um deles vai ganhar. Qualquer um que ganhar e o candidato souber qual é a proposta muito clara que o setor empresarial pretende, fica muito mais aberto para a gente poder trabalhar para ser ministro da Economia, apoiar governo, seja ele qual for, no sentido de reivindicar as pautas que levamos aos candidatos antes das eleições”, disse.