A suspeita, segundo a reportagem, é que funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários, numa operação conhecida como 'rachadinha'
O registro, de acordo com o Jornal Nacional, traz dados sobre movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro entre junho e julho de 2017. No total, foram 48 depósitos em espécie na conta do senador eleito, "concentrados no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil".
Segundo a reportagem, foram R$ 96 mil depositados em cinco dias. O Coaf disse à Rede Globo que não foi possível identificar quem fez os depósitos. O relatório, segundo a reportagem, afirma que o fato de terem sido feitos de forma fracionada desperta suspeita de ocultação da origem do dinheiro. O documento faz parte de um relatório de inteligência financeira (RIF).
O Jornal Nacional informou que esse novo relatório foi pedido pelo Ministério Público do Rio a partir da investigação de movimentação financeira atípica de assessores parlamentares da Alerj.
Conforme a reportagem do JN, o primeiro documento tratava da movimentação dos funcionários da Alerj. Desta vez, diz o jornal, o MP pediu ao Coaf para ampliar o levantamento. O MP pediu o novo relatório ao Coaf em 14 de dezembro e foi atendido no dia 17, um dia antes de Flávio Bolsonaro ser diplomado senador, conforme a reportagem. Portanto, segundo o MP, ele não tinha foro privilegiado na ocasião.
Por causa desse relatório, diz a reportagem, Flávio Bolsonaro questionou a competência do MP no Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu temporariamente a investigação. Ele foi citado no procedimento aberto pelo Ministério Público do Rio contra o ex-assessor Fabrício Queiroz. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro é investigado por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão durante um ano.
O Jornal Nacional procurou a assessoria de Flávio Bolsonaro, mas não obteve resposta, de acordo com a reportagem.
ENTREVISTA PARA A TV RECORD
O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou nesta sexta-feira, 18, em entrevista gravada ao Jornal da Record, que quanto mais seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz "demora" para esclarecer acusações, mais ele o complica. Flávio também acusou o Ministério Público (MP) do Rio de investigá-lo ocultamente desde meados de 2018. Segundo o deputado, o MP se utilizou de "vários atos ilegais, sem a devida autorização judicial", para investigá-lo.
Queiroz é alvo de investigação sobre movimentações financeiras atípicas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Flávio Bolsonaro afirmou que não se esconde atrás de foro privilegiado "nenhum" e que prestará os "devidos esclarecimentos". Ele afirmou também que é contra o foro privilegiado, mas que não é uma escolha dele. "Não é que tenho o foro, é um questionamento. O STF é o único órgão que pode falar sobre o foro. Vou aonde tiver que ir para esclarecer qualquer coisa", disse, sobre a reclamação apresentada por ele para suspender a investigação sobre as movimentações de Queiroz, que foi acatada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"A ideia era para cumprir a obrigação legal. Estavam desobedecendo entendimento do STF na decisão sobre foro competente. Está escrito que eles (STF) têm de analisar caso a caso qual é a competência", prosseguiu.
O deputado estadual e senador eleito pelo PSL do Rio disse também que não ter a "menor dúvida" de que há um tratamento diferenciado sobre ele no Coaf. "Teve quebra de sigilo da minha movimentação bancária", declarou. "Por que não tem o mesmo tratamento com os outros assessores dos outros deputados? Não quero privilégio nenhum, só quero o mesmo tratamento", disse.