O tenente-coronel Mauro Cid detalhou a investigadores o funcionamento do chamado "gabinete do ódio", grupo de assessores de Jair Bolsonaro (PL), com o objetivo de espalhar notícias falsas contra opositores do bolsonarismo. Ao comentar sobre o militar, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos confirmou que tem "anexo sobre golpe, joias, vacina, gabinete do ódio, milícias digitais". A entrevista, publicada neste domingo (5), foi concedida à revista Veja. Policiais federais encaminharam ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório sobre a atuação das milícias digitais bolsonaristas e uma espécie de passo-a-passo para os ataques.

Com a delação de Mauro Cid, investigadores querem ter mais detalhes das ilegalidades cometidas por Bolsonaro durante o seu governo. O militar foi ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo federal. O tenente disse que o ex-mandatário tentou esconder alvos de investigação sobre tentativas de golpe.

Neste ano (2023), Mauro Cid afirmou que Bolsonaro consultou militares sobre formas de se aplicar um golpe de Estado no Brasil. No celular do tenente, investigadores encontraram uma minuta para um golpe de Estado no País com a decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e que previa estado de sítio "dentro das quatro linhas" da Constituição.

O coronel foi preso em maio deste ano por causa de fraudes em cartões de vacinação de Bolsonaro. Em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes aprovou o acordo para o tenente delatar.

O militar vai dar mais detalhes das ilegalidades de Bolsonaro no inquérito das joias. Por lei, presentes recebidos por governos de outros países não podem ser incorporados a patrimônio pessoal, e devem pertencer ao Estado brasileiro.