O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e intimidou policiais federais que venham a cumprir ações contra o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao canal da Revista Oeste no YouTube, o filho do ex-presidente afirmou que agentes da corporação que cumprirem ordens entrarão na "mira dos Estados Unidos". Eduardo também é escrivão licenciado da PF.

"Os policiais federais que porventura venham a cumprir os mandados do Alexandre de Moraes [ministro do STF] ou do Paulo Gonet [procurador-geral da República] para achacar, para extorquir, para extorsionar Jair Bolsonaro ou qualquer outro tipo de pessoa, vocês saibam que vocês também vão entrar na mira aqui dos norte-americanos", afirmou Eduardo.

A declaração foi dada pelo deputado ainda na segunda-feira, horas após Moraes aceitar pedido de Gonet para investigá-lo por coação e obstrução de justiça e tentativa de abolição do Estado democrático de direito. O procurador acusa o deputado licenciado de tentar intimidar autoridades e interferir em investigações que envolvem Jair Bolsonaro.

A PGR afirma que Eduardo tem atuado junto ao governo dos Estados Unidos para pressionar ministros do STF e demais autoridades judiciais com sua articulação pela imposição de sanções internacionais. Essas medidas como bloqueio de bens, cassação de vistos e restrições a transações financeiras estariam sendo divulgadas nas redes sociais do parlamentar com o que o Ministério Público descreveu como "expressão de júbilo e elação".

Ao longo da entrevista ao canal da Revista Oeste, Eduardo Bolsonaro voltou a dizer que trabalha nos Estados Unidos para que o governo norte-americano sancione Alexandre de Moraes por violações a direitos humanos, com base na chamada Lei Magnitsky. Ele alega que autoridades norte-americanas estariam acompanhando as denúncias de abusos atribuídos ao ministro do STF e considerando medidas contra ele e até seus familiares e colaboradores.

"Hoje em dia, eu acredito que esteja sobre a mesa do Trump a sanção do Alexandre de Moraes, a ordem executiva para sancioná-lo", disse o deputado. Eduardo afirmou que as sanções poderiam alcançar escritórios de advocacia ligados a familiares de Moraes, e que eventuais aliados do ministro também poderiam ser atingidos por sanções secundárias, caso mantenham vínculos com ele.

Na parte final da entrevista, o deputado sugeriu que pode renunciar ao mandato e permanecer indefinidamente fora do Brasil, caso não haja mudanças na conjuntura política. "Se for necessário, eu abdico do meu cargo para continuar nesse projeto aqui nos Estados Unidos", afirmou.

O deputado está licenciado do mandato desde 21 de março. A licença é de 122 dias para tratar de interesse pessoal, sem remuneração. Eduardo diz que não tem previsão de voltar ao Brasil.