O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (18) que irá se licenciar do mandato para ficar nos Estados Unidos e, de acordo com ele, “buscar justas punições” para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

A licença do mandato ainda não foi oficializada por Eduardo, que continua como deputado no sistema da Câmara. O afastamento, porém, foi anunciado por ele em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.

“Da mesma forma que eu assumi o mandato parlamentar para representar a minha nação, eu abdico temporariamente dele para seguir bem representando esses milhões de irmãos de pátria que me incumbiram dessa nobre missão”, declarou. 

No vídeo Eduardo continuou: “Irei me licenciar sem remuneração para que eu possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, [nos EUA] poderei buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem”.

Atuação internacional
Com Jair Bolsonaro (PL) inelegível por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com o passaporte retido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Bolsonaro se tornou o principal representante do pai entre líderes e grupos da direita nos Estados Unidos, na América do Sul e na Europa.

O parlamentar transita entre lideranças de direita e mantém diálogo com Steve Bannon, estrategista de Donald Trump, e o argentino Javier Milei. É também Eduardo quem articula a edição brasileira do CPAC, uma conferência internacional que reúne figuras do espectro mais conservador.

Além disso, ele lidera uma frente da oposição brasileira em território norte-americano em busca de apoio para Jair Bolsonaro contra as ações que ele enfrenta no Supremo. Internamente no partido, Eduardo Bolsonaro é até mesmo cotado para substituir o pai na eleição de 2026.

Comissão de Relações Exteriores
Por esse protagonismo, ele era o principal cotado para assumir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Por ter a maior bancada da Casa, o PL é quem indica o presidente do colegiado. Para tentar reverter, isso o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), apresentou uma ofensiva.

Os deputados do PT acionaram o Conselho de Ética da Câmara e a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo, acusando-o de constranger o STF e atrapalhar as investigações do ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito da tentativa de golpe de Estado.

O líder Lindbergh Farias ainda pediu que a PGR solicite ao STF o recolhimento do passaporte do deputado. Em retaliação, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), apresentou umprojeto para proibir a aplicação de medidas cautelares a integrantes do Congresso Nacional.

Com a decisão de Eduardo de permanecer nos Estados Unidos e se licenciar do mandato, o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), é quem deve assumir o comando do colegiado.