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A candidata à Prefeitura de Belo Horizonte, Duda Salabert (PDT), se emocionou e encerrou seu discurso aos prantos durante apresentação no Minas Tênis Clube, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Duda foi a última das candidatas a participar do encontro no clube, nesta sexta-feira (27 de setembro). O evento foi promovido com colaboração da Codese-BH (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte) e da Fecemg (Fórum Estadual de Formação Esportiva) e foi aberto ao público.
Antes de responder perguntas do público, Duda Salabert teve dez minutos para se apresentar. Neste momento, ela afirmou que faria um discurso não como candidata, mas “como pessoa”, e relatou aos presentes diversas violências físicas, psicológicas e políticas que ela sofreu como mulher transsexual.
“Peço licença porque vou fazer uma fala diferente. Aqui não vai ser uma fala de uma deputada federal, não vai ser uma fala de uma candidata à Prefeitura de Belo Horizonte. Vou trazer a minha posição aqui enquanto pessoa, um debate muito mais pessoal, existencial e que tem um contorno político, que acho importante ser escutado aqui. Eu digo sempre que a cabeça pensa onde o pé pisa. Então, vou mostrar onde nossos pés estão pisando”.
A candidata, então, relatou que já foi sócia do Minas Tênis Clube, mas que sofreu diversas violências por ser uma mulher transsexual no local, e disse que chegou a acionar o Ministério Público devido ao preconceito. Apesar de não entrar em detalhes do ocorrido, Duda afirmou que “nunca passou por tanta violência” como a que sofreu no clube quando era sócia.
“Comprei uma cota do Minas Tênis Clube porque eu tenho uma filha de cinco anos e escolhi esse clube para que ela se formasse como atleta. O que passei por aqui em níveis transfobia, que precisou que o Ministério Público intervisse, eu nunca passei na minha vida tanta violência quanto passei aqui. A violência que eu sofri no período eleitoral não se equipara à violência que sofri aqui. Se eu quisesse votos, estaria aqui mostrando minhas plataformas para vocês. Mas os nossos sonhos não cabem nas urnas”, declarou a candidata, emocionada.
Neste momento, Duda começou a chorar e encerrou o discurso. Enquanto o público aplaudia, alguns de pé, os diretores do Minas Tênis Clube, da Codese e do Fecemg que estavam presentes foram até a candidata para consolá-la e pedir desculpas pelo ocorrido. Logo depois o evento teve continuidade normalmente, com perguntas do público à candidata sobre seu plano de governo. A reportagem entrou em contato com o Minas Tênis Clube, que não quis se posicionar sobre as acusações: “o Minas Tênis Clube não irá se posicionar, por se tratar de pauta política”, afirmou a nota.
Transfobia e violência política
Antes de contar que sofreu episódios de transfobia no clube, Duda discorreu sobre os problemas sociais, de saúde e de violência sofridos por pessoas transsexuais. Ela destacou que o Brasil é o país que mais mata mulheres transsexuais no mundo há 16 anos consecutivos, e que os assassinatos são marcados por “violência exagerada e requintes de crueldade”. A candidata, que também é a primeira mulher transsexual a disputar uma prefeitura no Brasil, relembrou, ainda, que quase 90% das mulheres transsexuais estão na prostituição, e que o grupo ainda luta por direitos básicos.
“Vamos olhar para o nosso umbigo: quantas pessoas travestis e transexuais estão neste espaço aqui? Quantas trabalham no dia a dia de vocês? Nós, travestis e transexuais, não conquistamos no Brasil ainda a categoria de humanidade. A nossa maior pauta na América Latina, é nome. Tipo, ‘por favor, respeite meu nome social’. Banheiro, porque nem direito a banheiro nós temos. Porque se eu for ao banheiro masculino, você não sabe como somos recebidas lá. Porque uma coisa são os homens com vocês, outra coisa são os homens sozinhos conosco no banheiro. Quando vou ao banheiro masculino, sou recebida com inúmeras violências. E se eu for ao banheiro feminino, sou arrancada pelo cabelo”.
Em um dos momentos mais fortes de seu discurso, Duda afirmou que, segundo o Ministério da Saúde, 41% das travestis transsexuais do Brasil vivem com HIV. A candidata relatou que, quando trabalhava em projetos sociais, tentava conscientizar as meninas a usarem preservativo nas relações sexuais, mas que elas relatavam que não usam proteção porque homens oferecem mais dinheiro:
“Elas dizem: ‘se pagar bem, eu faço sem camisinha’. Pagar bem não é pagar R$ 100 a mais, é pagar R$ 10 a mais. O que passa pela cabeça de um homem ao abordar uma travesti na esquina e dizer: ‘se eu te pagar R$ 10 a mais, você faz sexo oral sem camisinha?’ O que passa pela cabeça dessa pessoa é que nós não somos humanas”.
Antes de finalizar o discurso, Duda contou ao público sobre sua trajetória política e destacou suas principais bandeiras na campanha: a de ser “lixo zero”, ou seja, não usar bandeiras, panfletos e adesivos, e a promessa de dar o melhor salário do Brasil aos professores municipais de Belo Horizonte.
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A candidata à Prefeitura de Belo Horizonte, Duda Salabert (PDT), se emocionou e encerrou seu discurso aos prantos durante apresentação no Minas Tênis Clube, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Duda foi a última das candidatas a participar do encontro no clube, nesta sexta-feira (27 de setembro). O evento foi promovido com colaboração da Codese-BH (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte) e da Fecemg (Fórum Estadual de Formação Esportiva) e foi aberto ao público.
Antes de responder perguntas do público, Duda Salabert teve dez minutos para se apresentar. Neste momento, ela afirmou que faria um discurso não como candidata, mas “como pessoa”, e relatou aos presentes diversas violências físicas, psicológicas e políticas que ela sofreu como mulher transsexual.
“Peço licença porque vou fazer uma fala diferente. Aqui não vai ser uma fala de uma deputada federal, não vai ser uma fala de uma candidata à Prefeitura de Belo Horizonte. Vou trazer a minha posição aqui enquanto pessoa, um debate muito mais pessoal, existencial e que tem um contorno político, que acho importante ser escutado aqui. Eu digo sempre que a cabeça pensa onde o pé pisa. Então, vou mostrar onde nossos pés estão pisando”.
A candidata, então, relatou que já foi sócia do Minas Tênis Clube, mas que sofreu diversas violências por ser uma mulher transsexual no local, e disse que chegou a acionar o Ministério Público devido ao preconceito. Apesar de não entrar em detalhes do ocorrido, Duda afirmou que “nunca passou por tanta violência” como a que sofreu no clube quando era sócia.
“Comprei uma cota do Minas Tênis Clube porque eu tenho uma filha de cinco anos e escolhi esse clube para que ela se formasse como atleta. O que passei por aqui em níveis transfobia, que precisou que o Ministério Público intervisse, eu nunca passei na minha vida tanta violência quanto passei aqui. A violência que eu sofri no período eleitoral não se equipara à violência que sofri aqui. Se eu quisesse votos, estaria aqui mostrando minhas plataformas para vocês. Mas os nossos sonhos não cabem nas urnas”, declarou a candidata, emocionada.
Neste momento, Duda começou a chorar e encerrou o discurso. Enquanto o público aplaudia, alguns de pé, os diretores do Minas Tênis Clube, da Codese e do Fecemg que estavam presentes foram até a candidata para consolá-la e pedir desculpas pelo ocorrido. Logo depois o evento teve continuidade normalmente, com perguntas do público à candidata sobre seu plano de governo. A reportagem entrou em contato com o Minas Tênis Clube, que não quis se posicionar sobre as acusações: “o Minas Tênis Clube não irá se posicionar, por se tratar de pauta política”, afirmou a nota.
Transfobia e violência política
Antes de contar que sofreu episódios de transfobia no clube, Duda discorreu sobre os problemas sociais, de saúde e de violência sofridos por pessoas transsexuais. Ela destacou que o Brasil é o país que mais mata mulheres transsexuais no mundo há 16 anos consecutivos, e que os assassinatos são marcados por “violência exagerada e requintes de crueldade”. A candidata, que também é a primeira mulher transsexual a disputar uma prefeitura no Brasil, relembrou, ainda, que quase 90% das mulheres transsexuais estão na prostituição, e que o grupo ainda luta por direitos básicos.
“Vamos olhar para o nosso umbigo: quantas pessoas travestis e transexuais estão neste espaço aqui? Quantas trabalham no dia a dia de vocês? Nós, travestis e transexuais, não conquistamos no Brasil ainda a categoria de humanidade. A nossa maior pauta na América Latina, é nome. Tipo, ‘por favor, respeite meu nome social’. Banheiro, porque nem direito a banheiro nós temos. Porque se eu for ao banheiro masculino, você não sabe como somos recebidas lá. Porque uma coisa são os homens com vocês, outra coisa são os homens sozinhos conosco no banheiro. Quando vou ao banheiro masculino, sou recebida com inúmeras violências. E se eu for ao banheiro feminino, sou arrancada pelo cabelo”.
Em um dos momentos mais fortes de seu discurso, Duda afirmou que, segundo o Ministério da Saúde, 41% das travestis transsexuais do Brasil vivem com HIV. A candidata relatou que, quando trabalhava em projetos sociais, tentava conscientizar as meninas a usarem preservativo nas relações sexuais, mas que elas relatavam que não usam proteção porque homens oferecem mais dinheiro:
“Elas dizem: ‘se pagar bem, eu faço sem camisinha’. Pagar bem não é pagar R$ 100 a mais, é pagar R$ 10 a mais. O que passa pela cabeça de um homem ao abordar uma travesti na esquina e dizer: ‘se eu te pagar R$ 10 a mais, você faz sexo oral sem camisinha?’ O que passa pela cabeça dessa pessoa é que nós não somos humanas”.
Antes de finalizar o discurso, Duda contou ao público sobre sua trajetória política e destacou suas principais bandeiras na campanha: a de ser “lixo zero”, ou seja, não usar bandeiras, panfletos e adesivos, e a promessa de dar o melhor salário do Brasil aos professores municipais de Belo Horizonte.