A deputada federal Carla Zambelli está internada desde terça-feira (15) em um hospital particular da Asa Sul, em Brasília, para tratar de um quadro de diverticulite. No entanto, a internação não a impediu de acompanhar atentamente o testemunho do hacker Walter Delgatti nesta quinta-feira (17) à CPI dos Atos Golpistas. Zambelli não só seguiu de perto o depoimento, mas também utilizou um grupo de mensagens no WhatsApp para expressar suas opiniões, segundo a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Nas mensagens enviadas, a parlamentar contestou as alegações de Delgatti, afirmando que ele estava criando narrativas fictícias sobre os acontecimentos passados entre eles.

Conforme relatado pelo hacker perante a CPI, Zambelli o abordou com o propósito de se reunir com Valdemar Costa Neto, o líder do partido PL, Duda Lima, o estrategista de marketing da campanha de reeleição de Bolsonaro em 2022, e o próprio Jair Bolsonaro, que naquela época estava concorrendo à reeleição.

Ela declarou em uma das mensagens: "Não permitirei que minha integridade seja manchada por um mentiroso compulsivo." Em um paralelo com o presidente Jair Bolsonaro, também membro do PL, Zambelli admitiu que teve contato com o hacker no ano anterior e o acompanhou a uma reunião com o então presidente do Brasil, que ocorreu no Palácio da Alvorada. >>> Eliziane Gama propõe acareação entre Delgatti e Zambelli na CPMI dos Atos Golpistas

Contudo, de acordo com o ex-presidente Bolsonaro, as narrativas de Delgatti são fantasiosas. Ele afirmou: "Ele está particularmente inspirado hoje. Houve a reunião, e eu o encaminhei para conversar com os especialistas no Ministério da Defesa. Ele esteve presente no Palácio da Alvorada e no Ministério da Defesa, mas a questão foi encerrada. Suas alegações são completamente infundadas", esclareceu Bolsonaro durante uma entrevista na rádio Jovem Pan.

O plano delineado por Delgatti consistia em criar um vídeo demonstrando a falta de confiabilidade das urnas eletrônicas. Segundo ele, o plano incluía a manipulação de uma urna cedida pela OAB, na qual ele implantaria um aplicativo desenvolvido por ele mesmo. O objetivo era mostrar à população que era possível pressionar um número e obter um resultado diferente. Bolsonaro, por sua vez, teria encaminhado Delgatti ao Ministério da Defesa para se encontrar com especialistas da área. Entretanto, o hacker reivindicou que ele era o autor do relatório que colocava em dúvida a segurança do sistema eleitoral brasileiro, o qual foi analisado pelos militares.