CORRIDA PRESIDENCIAL


O presidenciável e ex-ministro dos governos Lula e Itamar Franco, Ciro Gomes (PDT), afirmou que o ex-juiz federal que também foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro, Sergio Moro, “vivia disfarçado de juiz e agora quer se disfarçar de político". Na última quarta-feira (10), o ex-aliado do presidente da República se filiou ao Podemos com o objetivo de concorrer à presidência da República em 2022. 

A guinada política de Moro gerou críticas, visto que quando ainda era juiz no âmbito da operação Lava Jato, chegou a afirmar que jamais entraria para a política - afirmação que caiu por terra quando logo que ele tornou ministro. A candidatura à presidência foi reafirmada pelo líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias, que garantiu o nome de Moro nas urnas em entrevista ao site UOL.


Através do Twitter, Ciro afirmou que "A candidatura de Moro só vai agravar sua crise de identidade. Ele vivia disfarçado de juiz e agora quer se disfarçar de político para resolver suas enormes contradições. Nenhuma das vestes lhe cabe". O cearense chegou a suspender sua pré-candidatura devido à postura adotada pelo PDT no primeiro turno da votação da PEC dos Precatórios, decidiu retomá-la afirmando estar “mais fortalecido que nunca”.


Uma pesquisa eleitoral realizada pela Genial Investimentos e Quaest Consultoria, divulgada na quarta-feira (10), contudo, mostrou Ciro atrás de Moro nas intenções de voto, com 6% e 8%, respectivamente. Na margem de erro, ambos empatam. 


Como Ciro e Moro disputam o eleitorado que se opõe tanto ao ex-presidente petista Luís Inácio Lula da Silva quanto ao presidente Jair Messias Bolsonaro, a chamada “terceira via”, é provável que estarão competindo pelos mesmos votos até o dia do pleito.


No topo das intenções de voto, Lula, que foi preso por uma sentença proferida por Moro, aparece com 48%, seguido com Bolsonaro, com 21%. Em seguida, aparecem Moro e Ciro, seguidos por Dória, com 2% e pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), com 1%. O nível de confiança da pesquisa é de 95%


Durante sua filiação, Moro afirmou que o Brasil não precisa de “líderes com voz bonita, mas de alguém que ouça a voz do povo brasileiro", numa tentativa de defender o legado da operação Lava Jato, visto que uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) o declarou suspeito no julgamento de Lula por 7 votos a 4. 


A operação também sofreu ataques e desmonte por parte de Bolsonaro, que afirmou que ela já não era necessária. “Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”, disse o presidente, que também responde por suposta tentativa de interferência política na Polícia Federal, caso que levou à ruptura entre Bolsonaro e seu até então “super-ministro”, como Moro costumava ser chamado. 


Hoje, o ex-juiz da Lava Jato afirma que deixou o governo por perda de apoio interno e busca justificar a decisão de ter se tornado ministro de Bolsonaro alegando que aceitou o cargo porque tinha "esperança de dias melhores". O presidente (e ex-aliado) ironizou as falas de Moro, afirmando que seu ex-ministro "Não aprendeu nada... Ficou um ano e 4 meses e não sabe o que é ser presidente, nem ser ministro".