Brasil247 - Embora algumas pesquisas já tenham apontado o potencial de migração de votos de Lula para quem ele indicar - a célebre pesquisa Datafolha de maio de 2018 dava o potencial de Lula como maior ainda que seu próprio quinhão de intenção de voto -, analistas ainda ponderam sobre a questão. Depois de anunciada a vice 'composta' de Lula com Haddad e Manuela, os olhares voltam-se novamente para esse poder de transferência.
"Quando o TRF-4 confirmou a condenação de Lula, em janeiro, o petista e seus aliados tinham certeza de que a prisão seria inevitável. Queriam evitar esse desfecho a todo custo, mas sabiam que seria impossível. Era só uma questão de tempo. Da mesma forma, quando o PT decidiu pela inusitada estratégia de levar a candidatura de Lula até o último minuto, todos sabiam que a indicação do vice, em algum momento, seria inevitável. Queriam evitar a todo custo o que obviamente acabaria sendo a explicitação do plano B. Mas também sabiam que era só uma questão tempo.
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Para poder funcionar até aqui, a orientação petista precisava estar sustentada sobre um pilar fundamental. Lula, mesmo atrás das grades, tinha que se manter como nome competitivo nas pesquisas. Imaginava-se que, preso, ele iria cair um pouco. Mas não podia desabar. Até o momento, o PT colheu sucesso absoluto nesse aspecto. Não há sinais de que a prisão tenha arranhado a popularidade do ex-presidente. Ele lidera isolado todos o cenários de primeiro e de segundo turno. O pressuposto eleitoral disso tudo é conhecido. Trata-se da ideia mais ou menos óbvia de que maior será a capacidade de transferência de votos de Lula quanto mais próximo da eleição for a inevitável expulsão definitiva de seu nome da eleição. De preferência com comoção, vitimização e pitadas de conspiração. Essa é a grande nova questão que se coloca a partir daqui: qual é, exatamente, a capacidade de transferência de votos de Lula? No momento, impossível de responder."