Nesta quarta-feira (31), durante uma audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Câmara dos Deputados, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, protagonizou uma confusão ao associar o MST ao tráfico de drogas. Suas declarações geraram revolta das deputadas Sâmia Bomfim (PSol-SP) e Talíria Petrone (PSol-RJ).

No plenário, Caiado afirmou que o MST "não existe" e acusou o movimento de não ter "compromisso com a transparência". Além disso, o governador associou o grupo ao tráfico de drogas e ao trabalho análogo à escravidão. Ele declarou: "O MST não existe, não tem entidade, não tem estatuto. Não tem pessoa física que o represente, não tem CNPJ. Onde é que está rotulado de movimento? Não tem nenhum compromisso com a transparência."

Caiado também afirmou que não existem assentamentos do MST em Goiás, e que a polícia do estado está presente em todos os lugares. Ele chegou a relacionar o movimento ao tráfico de drogas, afirmando: "As pessoas que faziam tráfico de drogas se resguardavam nesses assentamentos de ocupação que eram feitas para dali levar adiante o que era o tráfico de drogas, que passou a ser uma das fontes...", porém, foi interrompido pelos protestos de Sâmia e Talíria.

Ronaldo Caiado é um tradicional líder ruralista e participou da fundação da União Democrática Ruralista (UDR) nos anos 80. Sua presença na CPI foi solicitada pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que afirmou que a participação do governador enriqueceria o debate, já que o estado de Goiás não possui ocupações do MST.

A confusão na CPI se intensificou quando as deputadas Sâmia e Talíria protestaram contra o discurso de Caiado. O deputado Abílio Brunini (PL-MT) também se posicionou à frente das parlamentares, bloqueando sua visão. O presidente da comissão, Tenente Coronel Zuccho (Republicanos-RS), pediu a Brunini que se sentasse para dar continuidade à sessão, enquanto Caiado destacou que "conhece o regimento da casa" e enfatizou que o parlamento não pode ficar envolvido em bate-bocas.