É fundamental colocar “a periferia no centro da política, historicamente excluída pelas capitanias hereditárias dos tucanos”. Essa é a principal bandeira de Guilherme Boulos (PSOL-SP), professor bacharel em Filosofia, que ascendeu na vida política travando lutas em defesa do movimento de moradia, liderando o MTST. Pré-candidato a prefeito de São Paulo, numa chapa que conta como vice a experiência da ex-prefeita da cidade Luiza Erundina, ele defendeu, em entrevista à TV 247 nesta quarta-feira (22), políticas públicas sociais urgentes para contornar o cenário de fome e desemprego gerado pela crise. 

Boulos ressaltou em sua análise que “esse modelo de extrema desigualdade social, cheio de muros, presente em São Paulo, falhou”. “Existem 40 mil imóveis, só no centro expandido, abandonados. Esses imóveis podem ser desapropriados e transformados em moradias populares, afinal, pobre tem o direito de morar no centro. Isso não é uma coisa que eu tirei da minha cabeça, é constitucional a função social da propriedade”, acrescentou. 

De acordo com o ativista, moradores das periferias, “do outro lado da ponte, como eternizou o grupo Racionais, precisam de políticas públicas urgentes, como saneamento básico”. “Estamos falando da cidade mais rica do país e menos da metade da população possui tratamento de esgoto”, explicou. 

O  pessolista também defendeu em sua fala "políticas de transporte público, cultura, centros de saúde e fortalecimento da economia local, gerando mais empregos nas periferias”. 

Para ilustrar o cenário caótico de crise que o Brasil enfrenta, Boulos citou a quarentena durante a pandemia. “Quem tinha emprego e renda estável conseguiu ficar em casa. Agora, milhões de brasileiros e paulistanos tiveram que sair, no pico da pandemia, para trabalhar, para colocar comida na mesa”. 

“Estamos vivendo uma pandemia econômica. A crise social vai se agravar, a maior cidade do Brasil precisa garantir renda básica e políticas sociais para que os mais pobres possam sobreviver”, argumentou. 


Pleito municipal  

Questionado sobre a importância da unidade da esquerda no primeiro turno, na cidade de São Paulo, para enfrentar o bolsonarismo, Boulos afirmou que “o ideal seria uma frente progressista para enfrentar o fascismo”, mas que respeita “a candidatura do PT, PCdoB”. “Se não for possível esse espaço de unidade, que no segundo turno isso aconteça”. 

O pré- candidato seguiu sua narrativa da composição de alianças com setores progressistas e rechaçou a possibilidade de composição com o PSB. “Márcio França [pré-candidato à prefeitura] é linha auxiliar do tucanato, ele foi o vice de Geraldo Alckmin durante os oito anos de governo. Não o coloco no lugar de centro-esquerda”, concluiu.